Desde sempre, caçadores da cidade de Homestead, Flórida, utilizam facões, facas, espingardas e pás em busca de jacarés, porcos selvagens, linces e parasitas de todos os tamanhos.
Mas, nos arredores dos Everglades neste mês, um tipo diferente de caça está ocorrendo, e nela se encontram três homens que não representam nem um pouco a imagem de um típico caçador. Eles dirigem por estradas de cascalho com sua caminhonete e um carro de passeio comum (“É muito bom pois economiza muito na gasolina”, disse um deles).
E quando estão com sorte, eles descem de seus veículos e se deparam com pítons birmanesas enormes e as capturam com suas próprias mãos.
Dois dos caçadores são irmãos, criados nos pântanos da Flórida com outros oito irmãos. O terceiro é um nativo de Utah, hoje professor de uma escola em Miami, que se encontrou com um dos irmãos no condomínio que moram. Eles rapidamente descobriram que possuem duas coisas em comum – são mórmons e não têm medo de cobras.
“Nós não caçamos aos sábados”, declarou Blake Russ, 24, estudante da Universidade Internacional da Flórida, enquanto olhava para a porta aberta de seu carro.
Mas, nesse dia, eles estavam totalmente dedicados à caça. Eles se juntaram ao “Desafio Píton 2013” da Flórida, a primeira competição organizada pela Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem do Estado.
Os oficiais da vida selvagem estão tão frustrados com o número excessivo de pítons birmanesas que no dia 12 de janeiro declararam aberta a temporada de dessa cobra no sul da Flórida para qualquer pessoa acima de 18 anos. A caça está ocorrendo apenas em terras do Estado e não em terras federais, que estão fora dos limites.
A única exigência é que os participantes devem fazer um curso de formação online. Um prêmio de US$ 1.000 será dado ao caçador que capturar a maior cobra e US$ 1.500 para aquele que “capturar” a maior quantidade de cobras. Cerca de 1.300 pessoas já se inscreveram.
As pítons, consideradas invasivas, chegaram na região como animais de estimação. Depois que algumas escaparam ou foram soltas por seus proprietários, elas imigraram para a terra pantanosa, principalmente em torno dos Everglades. Lá, elas comem regularmente aves nativas, jacarés, veados, gambás, guaxinins e coelhos. Reproduzem-se facilmente, colocando oito a 100 ovos, dependendo do tamanho da fêmea.
Matar a cobra é uma exigência do “Desafio Píton”, e para isso o regulamento sugere que seja utilizada uma arma de fogo ou pistolas tranquilizantes.
De acordo com o regulamento, cortar a cabeça é permitido porém difícil, pois o cérebro continua vivendo durante algum tempo. Para decapitação, um facão é a arma recomendada pelo Estado.
A tarefa é difícil. Estimativas de quantas pítons birmanesas vivem na região variam de 5.000 a mais de 100.000.
As cobras estão em toda parte e em lugar nenhum. Captura-las é fácil. As pítons – que podem medir até 6 metros e muito mais – são preguiçosas. Elas não gostam de se mover e raramente viajam. Ao invés disso, elas esperam e mordem suas presas para mantê-la no lugar enquanto as apertam, as sufocam e as engolem inteiras, pouco a pouco.
“É como avistar o Bigfoot”, disse Bryan Russ, 35, irmão mais velho de Blake Russ, que já soltou 30 cobras dentro de uma república na faculdade de Idaho. (Ele foi expulso da escola, o que chamou de uma “grande lição de vida.”)
Estudar o estilo de vida de uma píton é fundamental para ser bem sucedido na caça. Os caçadores devem saber que o melhor momento para encontrar uma cobra deste tipo normalmente é durante a manhã, depois que a temperatura chega aos 15º C, quando as cobras saem para se aquecer ao sol. Elas ficam perto da água, por isso canais e represas são bons locais para se procurar. Elas gostam de pilhas de pedras.
Desde terça-feira, 22 de janeiro, 27 pítons foram pegas na primeira semana da competição. (Fonte: Portal iG)