A Tailândia quer acabar com a sua imagem como um lugar onde muitos tipos de animais selvagens – tartarugas de Madagascar, macacos saguis da América do Sul, pássaros exóticos – são encontrados à venda, um comércio internacional impulsionado pelo mercado global de carnes exóticas e animais raros.
Durante os últimos dois anos, as autoridades locais capturaram mais de 46.000 animais de traficantes, vendedores e caçadores, mais que o dobro dos 18.000 apreendidos nos dois anos anteriores.
Mas agora o governo enfrenta o dilema de o que fazer com todas as criaturas que salvou – uma espécie de Arca de Noé de espécies ameaçadas de extinção, que provavelmente afundaria sob o peso de todos os elefantes, tigres, ursos e macacos.
“Quanto mais animais nós apreendemos, mais animais temos sob o nosso cuidado”, explicou Theerapat Prayurasiddhi Said, vice-diretor-geral do Departamento de Parques Nacionais, Vida Selvagem e Conservação de Plantas.
Embora muitos digam que as fronteiras porosas, a corrupção e as leis lenientes continuam a ser problemas, a repressão acontece no momento em que a Tailândia se prepara para sedear um grande encontro que discutirá o principal acordo internacional sobre o tráfico de animais exóticos, a Convenção das Nações Unidas sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora.
O fardo de cuidar de animais apreendidos foi ressaltado em outubro, quando 16 filhotes desnutridos de tigres foram encontrados no caminhão de um contrabandista . Cuidadores no Centro para a Vida Selvagem de Pratubchang Khao foram sobrecarregados pelos cuidados necessários com os filhotes.
“É como ter um filho – há tantos detalhes”, disse Sathit Pinkul, chefe do centro. “Você tem que estar sempre por perto quando estão com fome”, disse, imitando o miado de um filhote faminto. “Nós nos tornamos seus assistentes pessoais.”
O centro abriga outros 45 tigres, 10 leopardos e 13 outros pequenos felinos asiáticos.
Centros de vida selvagem em todo o país já estão operando na sua capacidade máxima. Um centro de Bangkok hospeda mais de 400 macacos. Um na província de Chonburi tem 99 ursos.
Alguns dos animais podem eventualmente voltar para a vida selvagem, incluindo espécies comuns de macacos, cobras e pangolins, pequenos tatus valorizados na China por sua carne. Partes de muitos animais, inclusive os chifres de rinocerontes, são usados na tradicional medicina chinesa.
Alguns animais são mais fáceis de cuidar do que outros. Cuidadores no Centro da Vida Selvagem na província de Chonburi não se preocupam em fechar a gaiola das preguiças.
Macacos são mais problemáticos e gostam de balançar violentamente as barras de suas jaulas.
“O pessoal de manutenção passa o dia arrumando barras”, disse Thanapol Kongsapsirianand, um funcionário do centro. (Fonte: Portal iG)