Dilma diz na ONU que Brasil não vê contradição entre crescer e conservar

A presidente Dilma Rousseff afirmou na tarde desta terça-feira (24), durante o Fórum de Alto Nível para o Desenvolvimento Sustentável, em Nova York, que que não existe “contradição” entre crescimento econômico, inclusão social e proteção do meio-ambiente. E disse que o compromisso do Brasil com a sustentabilidade está “assentado” nas “políticas domésticas” do país.

Ela mencionou como exemplos as ações do governo contra o desmatamento e a tecnologia social do Bolsa Família. Também fez referência às ações para identificação de pessoas que vivem na extrema pobreza.

“Não existe contradição para o meu país e para todos aqueles que participaram da Rio+20 entre crescer e incluir, proteger e conservar. Estamos promovendo crescimento com avanços na justiça social, estamos criando empregos formais, estamos distribuindo melhor a renda, mas também estamos lutando para preservar o meio-ambiente”, discursou.

O fórum, um desdobramento da conferência Rio+20, realizada no ano passado no Rio de Janeiro, é parte das atividades da 68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas. Na abertura da assembleia, pela manhã, Dilma proferiu discurso em que criticou as ações de espionagem dos Estados Unidos no Brasil, reveladas pelo programa Fantástico.

Dilma destacou que o Brasil é reconhecido pelas Nações Unidas como o país que mais contribuiu para a redução de gases do efeito estufa. Ela pediu que as demais autoridades tenham “coragem” para enfrentar o desafio de proteger o meio-ambiente, sobretudo para garantir qualidade de vida às gerações futuras.

“Temos grande responsabilidade como altas autoridades. Temos responsabilidade perante nossos concidadãos e para com as gerações futuras. A magnitude do desafio requer de nós determinação, coragem, ousadia. Faço um chamado a todos: Encaremos juntos e de frente esses desafios. Esse é o caminho para o futuro que queremos.”

A presidente elogiou os resultados da Rio+20 e destacou que a conferência assinalou que a erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico e preservação ambiental devem caminha juntos.

“Consolidamos a noção de que o combate à mudança do clima é uma condição para que se realize, de fato, um desenvolvimento sustentável. A pobreza não é um problema exclusivo dos países em desenvolvimento, assim como a proteção ambiental não é uma meta apenas quando a pobreza for superada. Portanto, chegamos a uma síntese entre desenvolvimento e erradicação da pobreza e preservação do meio-ambiente”, afirmou.

Rio+20 – O propósito da Rio+20 era formular um plano para que a humanidade se desenvolvesse de modo a garantir vida digna a todas as pessoas, administrando os recursos naturais para que as gerações futuras não fossem prejudicadas.

O documento firmado ao final da reunião prevê a criação do Fórum de Desenvolvimento Sustentável para elaborar metas de desenvolvimento sustentável em diferentes áreas. Pelo texto, esses compromissos devem ser criados para adoção pelos países a partir de 2015. A criação do fórum foi um dos primeiros passos para alcançar um dos objetivos acordados na Rio+20.

Dilma ressaltou, contudo, que é preciso agora efetivar os princípios elencados no documento final da Rio+20.

“Nossa tarefa agora é efetivar os compromissos assumidos. Para isso estamos reunidos aqui nessa primeira sessão do Fórum Político de Alto Nível para o Desenvolvimento Sustentável. O fórum oferece à comunidade internacional uma nova arquitetura, uma nova governança capaz de responder aos desafios do desenvolvimento sustentável.”

A presidente disse que o Brasil tem “compromisso” com a sustentabilidade e os compromissos firmados na Rio+20. “[Trata-se de] Um compromisso que está assentado em nossas políticas domésticas, que dão suporte e legitimam as ações externas do meu país sobre este tema”, afirmou.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, também discursou e defendeu que o Fórum elabore um plano de metas “ambicioso” para conter as mudanças climáticas provocadas pela emissão de gases do efeito estufa. “Temos que elaborar um ambicioso acordo contra as mudanças climáticas até 2015.” (Fonte: G1)