O presidente russo Vladimir Putin admitiu nesta quarta-feira (25) que os 30 membros da tripulação de um barco do Greenpeace interceptado perto de uma plataforma de petróleo russa no Ártico não são piratas, mas argumentou que eles violaram a lei e que permanecerão detidos até o julgamento.
A Rússia abriu uma investigação criminal na terça-feira (24) por suposta “pirataria” contra os quatro russos e os 26 estrangeiros membros da expedição do Greenpeace, um crime punível com até 15 anos de prisão na Rússia.
Entre os 30 detidos estão cidadãos americanos, argentinos, franceses e de outras nacionalidades. No grupo também está a brasileira Ana Paula Maciel, de 31 anos, integrante do Greenpeace desde 2006.
Eles foram levados para vários centros de detenção de Murmansk e seus arredores, após serem interrogados sobre o protesto organizado no Mar de Barents na semana passada.
O Arctic Sunrise, de bandeira holandesa, foi apreendido na quinta-feira (19) por guardas de fronteira russos e rebocado para o porto de Murmansk.
“Não conheço os detalhes do que aconteceu, mas é totalmente evidente que não são piratas”, disse Putin em um fórum internacional sobre o Ártico na cidade de Salekhard. “Mas é completamente óbvio que estas pessoas violaram as normas da lei internacional”, afirmou, antes de destacar que os ativistas “se aproximaram perigosamente da plataforma”.
Vladimir Markin, porta-voz da Comissão de Investigação, declarou nesta quarta-feira (25) em um comunicado que as acusações atuais poderiam mudar caso novas provas apareçam.
Kumi Naidoo, diretor do Greenpeace Internacional, considerou “absurdas” as acusações de pirataria. O Greenpeace tenta chamar a atenção para os perigos da exploração de petróleo no Ártico pela Rússia e seus parceiros ocidentais.
A empresa Gazprom deseja iniciar a produção na plataforma Prirazlomnaia no primeiro trimestre de 2014. O Greenpeace denuncia o risco de contaminação em uma área próxima que inclui três reservas naturais protegidas pela lei russa.
Mas Putin excluiu em Salekhard a possibilidade de desistir da exploração dos recursos petrolíferos.
Em 18 de setembro, ativistas em barcos infláveis aproximaram-se da plataforma da estatal russa Gazprom, mas foram repelidos com um jato de água.
Na quinta-feira, a guarda de fronteira da Rússia, departamento vinculado ao Serviço Federal de Segurança (FSB, ex-KGB), conduziu os ativistas detidos como suspeitos.
Segundo Eugenia Belyakova, ativista do Greenpeace, o interrogatório durou até o início desta quarta-feira.
“Apenas cinco membros da tripulação foram interrogados antes da madrugada. Ainda não há acusações formais”, indicou um porta-voz do Greenpeace, Aaron Gray-Block, que disse que os ativistas foram acompanhados por advogados da ONG.
O comitê de investigação russo confirmou em um comunicado que as 30 pessoas foram colocadas em prisão provisória como suspeitos. O órgão destacou que três tripulantes russos já foram interrogados. Os estrangeiros serão interrogados após a chegada dos tradutores.
A ONG denuncia o ataque “ilegal” ao barco e assegura que a embarcação estava fora das águas territoriais russas quando foi detida.
“Nossas forças de segurança, nossa guarda costeira não sabia quem tentava entrar na plataforma sob a aparência da organização Greenpeace. No contexto atual, com o que aconteceu no Quênia, tudo podia acontecer”, declarou o presidente russo, defendendo a ação das autoridades russas.
O incidente no Ártico aconteceu três dias antes do início do ataque ao centro comercial de Nairóbi. (Fonte: G1)