O gelo marinho vem diminuindo consideravelmente no Ártico devido ao aquecimento climático nos últimos mil anos. Só que, à medida que o gelo derrete, a navegação aumenta nessa região do Polo Norte. Para que seja possível navegar com segurança por lá, são necessárias informações prévias sobre a condição e espessura das camadas geladas, algo que não era possível medir durante o verão.
Contudo, uma equipe internacional liderada por pesquisadores da Universidade do Ártico da Noruega (UiT) e da Universidade de Bristol, no Reino Unido, encontrou uma solução. A partir de dados de satélite, os pesquisadores desenvolveram o primeiro conjunto de dados que mostra a espessura do gelo marinho em todo o Ártico ao longo do ano inteiro.
Os resultados foram publicados na revista Nature nesta quarta-feira (14). “O gelo do Ártico está derretendo mais rápido do que nunca. Precisamos de conhecimento sobre a espessura do gelo marinho, tanto para reduzir os riscos de segurança para empresas e transporte marítimo no Ártico como também para fazer previsões para o clima futuro”, explica Jack Landy, líder do departamento de pesquisa e pesquisador do Departamento de Física e Tecnologia da UiT, em comunicado.
Medindo gelo
Satélites são usados para medir a espessura do gelo no Ártico desde a década de 1980. Mas a técnica mais usada só funciona no inverno, de outubro a março, quando o gelo e a neve estão frios e secos.
O período mais importante para se obter esses dados, porém, é entre maio e setembro, quando ocorre o derretimento. Uma dificuldade é que, nesses meses de verão, os satélites ficam ofuscados por lagoas de neve e água de degelo, de modo que não é possível distingui-las.
Com uma nova tecnologia de inteligência artificial, os pesquisadores conseguiram examinar dados anteriores dos satélites, estabelecendo um padrão. Além disso, a equipe construiu um novo modelo de computador do sensor do satélite, para garantir que ele esteja medindo altura e espessura corretas.
“Aqui, usamos aprendizado profundo e simulações numéricas da resposta do altímetro de radar CryoSat-2 para superar esses desafios e gerar um conjunto de dados de espessura de gelo marinho para o período de derretimento do Ártico”, relatam os especialistas no estudo.
Para aqueles que utilizam o transporte marítimo, a nova tecnologia trará mais segurança. Além disso, será possível fazer melhores previsões meteorológicas. “Quando usamos os novos dados de espessura de gelo em modelos climáticos avançados, isso melhorará nossas previsões de curto prazo para o clima nas latitudes médias e as previsões de longo prazo”, completa Michel Tsamados, professor da Universidade College London (UCL), na Inglaterra.
Fonte: Galileu