Greenpeace recorre de decisão que mantém ativistas presos na Rússia

O Greenpeace recorreu nesta segunda-feira (30) da decisão de prisão preventiva conferida a 22 tripulantes do navio “Arctic Sunrise” detidos na Rússia. O grupo, formado no total por 30 ambientalistas, foi preso no dia 18, após uma ação de protesto contra exploração de petróleo no Ártico.

“O recurso foi interposto perante o Tribunal Regional de Murmansk, no noroeste russo. Em relação aos outros oito ativistas (também em prisão preventiva desde o domingo), os documentos serão apresentados nos próximos dias”, informou um porta-voz do Greenpeace às agências locais.

A prisão preventiva dos tripulantes do navio quebra-gelo aprisionado pela guarda costeira russa – incluindo a da bióloga brasileira Ana Paula Maciel – foi justificada pelo risco de eles fugirem, obstruírem o trabalho dos investigadores ou continuarem articulando atividades ilegais.

O Comitê de Instrução (CI) da Rússia anunciou nesta segunda que apresentará em breve acusações formais contra todos os membros da tripulação do “Arctic Sunrise” por tentar invadir a plataforma petrolífera Prirazlomnaya, de propriedade da companhia energética Gazprom.

A ação do Greenpeace, cujos ativistas queriam se acorrentar à plataforma da Gazprom, foi descrita pelo CI como “uma ameaça real à segurança pessoal dos trabalhadores da plataforma e da propriedade”.

“Tais ações são penalmente puníveis, independentemente de seus motivos. E os supostos fins pacíficos em nenhum caso as justificam”, assinalou o comitê.

O tribunal Leninski, em Murmansk, considerou que os 30 tripulantes da embarcação devem permanecer presos enquanto a Justiça russa investiga o crime de pirataria de que o CI deseja acusá-los.

O chefe do programa ártico do Greenpeace na Rússia, Vladimir Chuprov, negou que os ativistas da organização pudessem ter colocado em risco a vida dos operários da plataforma da Gazprom.

“O Greenpeace é uma organização não violenta. Se alguém arriscou a vida nessa ação, foram os próprios ativistas”, completou Chuprov, que ressaltou que os ambientalistas são instruídos antes de tomar parte nessas ações, para evitar incidentes violentos.

Apesar disso, Chuprov comemorou o fato de o CI não ter mencionado a palavra “pirataria” entre as acusações contra os tripulantes do “Arctic Sunrise”.

Os ativistas condenados são de 19 países: Rússia, EUA, Argentina, Reino Unido, Canadá, Itália, Ucrânia, Nova Zelândia, Holanda, Dinamarca, Austrália, Brasil, República Tcheca, Polônia, Turquia, Dinamarca, Finlândia, Suécia e França.

Após o protesto junto à plataforma da Gazprom em águas do Mar de Barents, no Polo Norte, o navio quebra-gelo do Greenpeace foi aprisionado pela guarda costeira russa, enquanto seus tripulantes acabaram detidos provisoriamente até uma decisão da Justiça sobre o caso. (Fonte: G1)