Tradição importada por imigrantes, a floricultura fomenta nos últimos anos a economia de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo no Rio Grande do Sul, e dá ao município a alcunha de “Holanda brasileira”.
Além de garantir fonte de renda, o cultivo também assume outro papel, o de cartão postal da cidade. A fama é mantida por agricultores familiares que enfrentam o desafio estabelecido pelas bruscas diferenças de temperatura e uma tecnologia tímida, se comparada à europeia.
“Quando se faz o que se gosta, nada é difícil. Eu sempre comparo a produção de flores com uma creche cheia de crianças. As crianças, o bebê, ele não fala. A gente tem que observar o que ele precisa, tem que alimentar na hora certa”, definiu a floricultora Lourdes Morshe sobre o cuidado com as plantas. “Se está doente, se precisa alimentar, precisa ter todo o cuidado. Nós temos que ficar em cima, cuidando. Não se tem sábado, domingo. Sempre tem que ter alguém junto observando, cuidando delas”, completou a mulher.
Atualmente, o comércio de pelo menos 30 municípios do estado recebe flores oriundas de Santa Cruz do Sul. Nas ruas, o florido de jardins, de casas e canteiros, cultivado por descendentes de europeus, é atração para quem vem de fora. “Era uma das tradições muito fortes. Poder partilhar essa flores com vizinhas, amigos”, explicou o pesquisador Nestor Haschen.
Algumas espécies que embelezam o município, como a begônia, são extremamente sensíveis, e necessitam cuidado diário, como controle de água, nutrientes e luz. Tudo tem que ser na medida exata. “E há amplitude térmica com dias muito frios outros extremamente quentes”, detalhou o floricultor Paulo Berlt. Ex-comerciante, ele começou há 14 anos a construir estufas que hoje já possuem uma área de 5 mil m², e produção de 60 mil vasos de seis diferentes espécies.
Dentro das estufas de Berlt, o grau de higiene e segurança é máximo. Visitantes e agricultores precisam vestir jalecos, esterilizar a sola do sapato com cal, além de aplicar um spray de álcool na roupas, afim de evitar que qualquer fungo ou praga contamine as plantas. Duas portas dão acesso aos locais, uma deles precisa estar fechada enquanto a outra é aberta.
Terra de qualidade, sistemas de irrigação e a dedicação abnegada de famílias dão fôlego à floricultura do município. “Tudo o que a gente produz, a gente vende. A estrutura está sempre cheia e não vencemos produzir o suficiente para o que o mercado exige”, disse Diego Berlt, outro produtor local. (Fonte: G1)