A Defesa Civil de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, está empregando tecnologia para monitorar casas em áreas de risco na cidade. O trabalho agora é feito com pluviômetros eletrônicos, que mostram a situação nos locais em que os aparelhos estão instalados a cada dez minutos aos técnicos da Defesa Civil.
O objetivo, segundo a Defesa Civil, é minimizar os impactos causados pelas chuvas e evitar tragédias como no verão passado. Na ocasião, as chuvas causaram alagamentos e deslizamentos na cidade. Moradores ficaram desabrigados e uma menina de 11 anos morreu após ser levada por uma enxurrada em Boiçucanga.
Atualmente, 95 áreas são consideradas de risco no município e cerca de 250 famílias vivem nestas regiões. Os alagamentos são comuns nos bairros Enseada, na costa norte, Camburi, Baleia Verde, Juquehy e Maresias, na costa sul. Já os deslizamentos preocupam em Juquehy e Boiçucanga.
Segundo o chefe da Defesa Civil, Carlos Eduardo dos Santos, 10 equipamentos para monitoramento estão espalhados pela cidade e a expectativa é que o número dobre até o fim do mês. “Esse aparelho dá para gente, a cada dez minutos, o que está acontecendo no bairro. Ele vai mandar para gente, inclusive, imagens de onde está chovendo”, afirmou.
Em fevereiro desse ano, Boiçucanga foi um dos pontos mais críticos na cidade. Após as chuvas, a força da água também levou uma casa rio abaixo e matou uma criança de 11 anos. No local foram feitas obras e pedras foram retiradas de dentro do rio, formando uma espécie de contenção.
Ricardo Ostrower mora no bairro, próximo ao Rio Grande, e teve a casa invadida pela água. Agora, o local conta com um dos pluviômetros eletrônicos, dando mais tranquilidade ao morador, que dez meses depois das enchentes, ainda tenta recuperar o carro arrastado pelas águas. “[A área da casa] Ficou totalmente alagada na parte de trás. A gente ficou no meio de um rio”, afirmou.
Ocupação e colaboração – A ocupação irregular na cidade ainda é um impasse a ser resolvido. Segundo a Defesa Civil, o número de pessoas nessas áreas aumentou 90% em relação ao ano passado. Para evitar outras tragédias, a população também se mobiliza e a prefeitura conta com cerca de 30 voluntários treinados para salvamento.
A arquiteta Hilda Fumiko mora perto da confluência dos rios Grande e Itu e contribui para ajudar os vizinhos na prevenção. “A gente vai fotografando [os rios] porque eles estão tão acostumados que já sabem, pelas fotos, que é o momento de quem está mais para baixo ir tirando os carros e colocando nos pontos mais altos”, diz.
Para ela, deve haver um esforço conjunto pra evitar situações como as enfrentadas no início do ano. “Acho que não dá para você só esperar soluções do poder público, acho que vai ter que ser um esforço conjunto mesmo”, afirma a moradora. (Fonte: G1)