A bióloga brasileira Ana Paula Maciel, de 31 anos, obteve o visto de saída da Rússia, informou o Greenpeace Brasil, nesta sexta-feira (27). O visto era necessário para que ela pudesse voltar para a casa desde que a anistia do grupo “Os 30 do Ártico” foi aprovada pelo Parlamento russo.
Ana Paula embarca ainda nesta sexta-feira com destino ao Brasil. Ela segue a Porto Alegre, onde passará o Réveillon com a família. A chegada da brasileira em Porto Alegre está prevista para acontecer às 11h deste sábado, 28, no Aeroporto Internacional Salgado Filho.
“Deixo a Rússia da mesma maneira como entrei: de cabeça erguida e com a consciência limpa. Temos a convicção de que fizemos o bem para proteger o planeta para esta e as futuras gerações. É uma vergonha um país permitir que tamanha injustiça tenha acontecido para defender os interesses das empresas de petróleo”, declarou Ana Paula.
Há 100 dias, um protesto pacífico causou a prisão dos ativistas do Greenpeace Internacional. Ana Paula e os 25 integrantes do grupo de nacionalidade não russa dependiam de uma autorização do Serviço Federal de Imigração para deixar o país, já que foram tirados de águas internacionais e levados presos pela guarda costeira.
Todos os estrangeiros já obtiveram seu visto de saída. Até o momento, sete deles, segundo o Greenpeace Brasil, já deixaram a Rússia e o restante deve partir entre hoje e o fim de semana. Segundo o Greenpeace, o sueco Dmitri Litvínov foi o primeiro tripulante do Arctic Sunrise a deixar o território russo na quinta-feira (26).
Crime não foi cometido – “Eles só pararam com as investigações. O que vai acontecer é que eles param de investigar, e colocam no seu histórico que fui acusada de vandalismo e recebi a anistia. Continua não sendo justo”, disse Ana Paula, em entrevista ao G1.
Em sua opinião, o mais correto seria isentar de acusação o grupo de 30 pessoas detidas por protestar numa plataforma de petróleo no Ártico. “Recebemos a anistia por um crime que não cometemos. Estou preocupada pelos meus companheiros russos, pois eles terem uma ficha criminal dessa aqui na Rússia, é complicado”.
Ana Paula está afastada dos amigos e familiares há cinco meses – dois meses embarcada no navio Arctic Sunrise e três meses detida em Murmansk e São Petersburgo.
A brasileira diz que, por enquanto, não tem uma nova ação planejada, mas deve voltar a uma embarcação da organização ambientalista tão logo esteja descansada do período que passou presa.
Ana Paula ainda se preocupa com o que acontecerá com o navio que levou os ativistas até a plataforma da empresa Gazprom no extremo norte do globo. “Não temos ideia de quando pretendem devolver o navio. É um processo. Metade do meu coração fica em Murmansk, pois o barco era nossa casa. Nos últimos cinco anos, vivi uns três anos dentro dele”, calcula.
A bióloga brasileira ainda lamentou que a ação do Greenpeace não impediu a companhia russa de explorar o petróleo na região ártica. “É um ciclo vicioso. As empresas exploram o petróleo, o uso de combustíveis fósseis aquece o planeta, fazendo o gelo do Ártico recuar e permitindo que áreas cada vez mais ao norte sejam exploradas”, disse. (Fonte: G1)