As Nações Unidas lançaram nesta segunda-feira (23) uma conferência internacional de uma semana com o objetivo de enfrentar desafios como a caça ilegal de animais e a poluição marinha, além de incentivar a ‘economia verde’.
O encontro em Nairóbi, a primeira Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA, na sigla em inglês), é realizado em meio a um forte esquema de segurança na capital queniana, depois de uma série de alertas sobre ameaças de ataque do grupo somali Shebab, ligado à Al-Qaeda.
A reunião espera “influenciar a ação política sobre temas ambientais, variando do consumo à produção sustentável, e financiando a economia verde, a repressão ao comércio ilegal de animais selvagens e a regulamentação de leis ambientais”, afirmaram organizadores.
Tópicos importantes discutidos nesta segunda-feira incluem a questão da contaminação dos oceanos por plásticos, o turismo e a pesca em larga escada.
Outras questões da agenda incluem os impactos do excesso de nitrogênio e aquicultura marinha, assim como os riscos da contaminação do ar.
O evento de cinco dias, comandado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), inclui “mais de 1.200 participantes de governo, negócios e sociedade civil, assim como de delegações de alto nível de mais de 160 países-membros da ONU e países observadores”, destacou o Pnuma.
A UNEA foi criada após sugestões feitas na Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, celebrada dois anos atrás.
Nesta segunda-feira, os delegados tomaram conhecimento de como o lixo plástico lançado nos oceanos do mundo causa ao menos US$ 13 bilhões de danos ao ano, ameaçando a vida marinha, o turismo e a pesca.
“O curso de ação principal é evitar que os restos plásticos cheguem ao ambiente, em primeiro lugar, o que se traduz em um objetivo simples e poderoso: reduzir, reutilizar, reciclar”, afirmou o diretor do Pnuma, Achim Steiner.
Outros, no entanto, afirmaram que é necessário menos discurso e mais ação, especialmente no que diz respeito aos crimes ambientais.
‘Um crime altamente organizado’ – A Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Silvestres), organização de proteção da vida selvagem, alertou para o problema crescente da caça ilegal de animais na África, afirmando que é tempo de usar as mesmas táticas de confronto implementadas no tráfico de pessoas e no narcotráfico.
“A demanda sem precedentes, o crime ambiental e a perda de habitat está destruindo espécies inteiras e os blocos de construção do ecossistema, do qual todos dependemos”, afirmou John Scanlon, diretor da Cites.
“Por fim, esta luta será vencida ou perdida nas linhas de frente, seja no campo, nos tribunais ou nos mercados, não em uma sala de conferências”, disse Scanlon.
A Cites alertou que a África estava sofrendo uma “escalada da caça ilegal, particularmente de elefantes” e pediu uma “aplicação da lei ainda mais forte e esforços de redução da demanda em diferentes países para reverter as perigosas tendências atuais”.
Organizações criminosas e milícias rebeldes cada vez mais usam a caça ilegal para financiar suas operações, colhendo os lucros da demanda multibilionária de marfim, na China, onde é usado como decoração e na medicina tradicional.
“Estamos combatendo grupos altamente organizados, que usam os animais selvagens para obter lucro”, disse Ben Janse Van Rensburg, encarregado do tema de repressão a estes crimes na Cites.
“É vital que os países reconheçam os crimes contra animais selvagens como um crime sério, que mobilizem as mesmas ferramentas e técnicas especializadas que nós usamos para combater outros crimes organizados, como o tráfico de seres humanos e o narcotráfico”, concluiu. (Fonte: G1)