Estudo aponta que falta de ferro pode lesionar nervo ótico de bebês

A deficiência de ferro pode provocar danos no nervo ótico de bebês, segundo estudo feito na USP de Ribeirão Preto. Os pesquisadores chegaram a esse resultado ao analisar os nervos óticos de ratos que foram submetidos à privação de ferro logo após o nascimento.

Conduzido pelo pesquisador Everton Horiquini Barbosa, o estudo avaliou um grupo de 36 ratos recém-nascidos, divididos em dois grupos. No primeiro grupo, as mães foram submetidas a uma dieta deficiente em ferro. Dessa forma, os filhotes passaram a se alimentar de um leite também deficiente em ferro. O segundo grupo serviu como controle: as mães receberam ração comum.

Ao final de um período de até 32 dias de vida, os filhotes tiveram seus nervos óticos observados. “A gente encontrou algumas alterações importantes na parte visual do cérebro do rato. O nervo ótico é formado por fibras nervosas e, no rato deficiente em ferro, elas estavam bem alteradas, bem lesadas. Isso pode ter alterado a acuidade visual do rato”, diz Barbosa.

Ele acrescenta que esses danos foram progressivos: o animal avaliado aos 32 dias de idade tinha mais lesões do que o avaliado aos 22 dias, por exemplo.

Barbosa explica que o desenvolvimento do cérebro do rato acontece predominantemente depois que ele nasce, diferentemente dos humanos, cujo cérebro se desenvolve dentro da barriga da mãe. Esses danos nos nervos óticos observados pelo estudo ocorreram, portanto, durante a fase de desenvolvimento cerebral dos animais.

Esses resultados foram apresentados em um painel na XXIX Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), que acontece esta semana em Caxambu, Minas Gerais.

Para o pesquisador, os resultados também têm relevância para seres humanos. Ele lembra que a falta de ferro é a deficiência nutricional mais frequente no mundo e acomete justamente mulheres em idade gestacional e crianças. “Os resultados têm impacto epidemiológico porque abordamos justamente a fase em que também é encontrada deficiência de ferro em humanos”. (Fonte: G1)