Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em Pirassununga (SP), desenvolveram caixas feitas com resíduos de cana-de-açúcar que eram descartados. A invenção surge para facilitar o transporte de frutas, legumes e bebidas, além de ser uma alternativa para que restos de materiais não aproveitados se transformem em produtos e ganhem valor de mercado.
As caixas foram criadas em uma parceria entre dois institutos da USP, o de Engenharia de Biosistemas e o de Engenharia de Alimentos. Foram feitos, inicialmente, três modelos: uma embalagem para legumes e frutas; outra para transportar bebidas e uma terceira desmontável.
A pesquisa durou cinco anos e muitas etapas de produção. Em um primeiro momento, é preciso moer o bagaço da cana, que foi seco em uma estufa. Depois, é utilizada resina de óleo de mamona, misturada ao bagaço por meio de uma batedeira industrial. A mistura vai para uma prensa aquecida, onde fica 10 minutos a uma temperatura de 100 graus, gerando uma placa sólida, parecida com aglomerados de madeira.
“O aproveitamento dos caminhões pode ser otimizado a partir do momento em que se entrega as frutas. No retorno, muitas vezes o caminhão pode voltar vazio. Como as embalagens ocupam muito espaço, se elas puderem ser desmontadas proporcionam esse espaço para a utilização do próprio caminhão no retorno. É uma forma de otimizar a utilização do espaço do veículo”, explicou a professora de Engenharia de Alimentos da USP, Maria Teresa Freire.
Sobras de valor – De acordo com a União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica), a cada tonelada de cana moída, são gerado pelo menos 250 quilos de bagaço, dos quais 91% são utilizados na produção de combustíveis e 9% são sobras. Além do bagaço da cana, os pesquisadores também fizeram testes com sobras de outros pontos da agricultura.
“É uma forma de incorporar valor a esses materiais que eram descartados e podiam prejudicar o meio ambiente. Estamos utilizando, por exemplo, a fibra da casca do coco verde, casca de amendoim, casca de aveia e outros subprodutos do setor agroindustrial”, contou o professor de Engenharia de Biosistemas, Juliano Fiorelli.
Segundo a comerciante Ana Cláudia Flores, as caixas vão facilitar o transporte de mercadorias. “Não é pesada, não amassa a fruta porque é macia, não é áspera, dura e a dona de casa dá conta de carregar. Achei maravilhoso”, relatou.
A psicóloga Gabriela Gomes se diz aliviada e aposta na consciência ecológica. “Essa reutilização é muito importante, assim como reciclar e reutilizar. É uma caixa excelente e de ótima qualidade”, contou. (Fonte: G1)