Países mais pobres são marginalizados do financiamento para diminuir as mudanças climáticas

Os países mais pobres e vulneráveis ficaram marginalizados na última década do financiamento para frear as mudanças climáticas, segundo um relatório do instituto britânico Overseas Development publicado no domingo (7).

A metade de um fundo de quase 8 bilhões de dólares criado em 2003 para os países em desenvolvimento foi destinado a apenas dez nações, entre elas México, Marrocos e Brasil, com 500 milhões de dólares cada uma, de acordo com o relatório divulgado durante a realização em Lima, no Peru, da conferência das Nações Unidas sobre o clima, COP20.

O estudo inclui o gasto realizado por nove fundos internacionais e dois nacionais ao longo de 10 anos em 135 países.

“México e Brasil figuram entre os principais emissores de gases de efeito estufa, mas ao mesmo tempo têm um enorme potencial em matéria de energias renováveis”, segundo o documento.

No entanto, países como Costa do Marfim ou Sudão do Sul, “com Estados frágeis e afetados por conflitos, receberam menos de 350.000 e 700.000 dólares respectivamente”.

Países de renda média e vulneráveis ao impacto das mudanças climáticas, como El Salvador, Guatemala e Namíbia, obtiveram menos de cinco milhões de dólares cada um.

No entanto, o relatório destacou como um fato positivo que os fundos para diminuir os efeitos da mudança climática tenham aumentado de 3,8 milhões de dólares em 2003 a 2.000 bilhões este ano.

Os fundos para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar o aquecimento global são um ponto sensível das negociações sobre o clima realizadas em Lima e que devem terminar na próxima sexta-feira.

Os países em desenvolvimento insistem que as nações mais ricas devem especificar como vão honrar seu compromisso de financiamento de 100 bilhões de dólares anuais a partir de 2020.

Um relatório da Organização das Nações Unidas publicado há poucos dias alertou que os custos de adaptação dos países em desenvolvimento para enfrentar as mudanças climáticas são muito maiores que o que havia sido calculado.

Estes custos “podem aumentar a 150 bilhões para 2025/2030, e entre 250 bilhões e 500 bilhões de dólares para 2050”, segundo a ONU. (Fonte: UOL)