Casos semanais de ebola caem e OMS diz que fim do surto começou

O número de novos casos confirmados de ebola totalizou 99 na semana até 25 de janeiro, a primeira vez desde junho de 2014 que os casos semanais ficaram abaixo de 100, informou a Organização Mundial da Saúde nesta quinta-feira (29), segundo a Reuters.

“A resposta à epidemia de ebola agora entrou em uma segunda fase, à medida que o foco muda de reduzir a transmissão para acabar com a epidemia”, disse a OMS.

“Para atingir esse objetivo o mais rápido possível os esforços mudaram da construção rápida de infraestrutura para a garantia da forma mais eficaz possível de melhor capacidade de identificação de casos, gestão de casos, fazer enterros de segurança e envolver a comunidade.”

A epidemia matou 8.810 pessoas em um total de 22.092 casos registrados, quase todos eles em Serra Leoa, Libéria e Guiné.

Os casos e mortes caíram rapidamente na Libéria e Serra Leoa nas últimas semanas, com 20 mortes registradas na Libéria, em 21 dias até 25 de janeiro, ou seja, menos de uma por dia.

Mas a Guiné relatou 30 casos confirmados na última semana, contra 20 na semana anterior. A epidemia também ainda está se propagando geograficamente nesse país, com um primeiro caso confirmado na região de Mali, perto do Senegal, que reabriu a sua fronteira com a Guiné na segunda-feira.

Especialistas em doenças dizem que rastrear todos os que tiveram contato próximo com um paciente com ebola é crucial para acabar com a epidemia. Mas em dezenas de aldeias remotas na Guiné moradores furiosos estão bloqueando o acesso dos profissionais de saúde.

Não foi erradicada – Apesar disso, o coordenador especial da ONU para a luta contra a febre hemorrágica, o britânico David Nabarro, advertiu que a epidemia ainda não foi erradicada.

“A quantidade de casos cai semana após semana e tende a zero, mas a doença ainda está presente em um terço das zonas dos três países afetados”, disse Nabarro, presente na reunião de cúpula da União Africana que abordará o tema, segundo a France Presse.

“Ainda temos focos ocasionais e surpresas com os novos casos”, explicou Nabarro.

“Isto significa que a epidemia não foi erradicada e devemos continuar com nosso esforço, de forma mais intensa”, completou.

Nabarro disse que está preocupado com chegada da temporada de chuvas e pediu a instalação de uma rede de “atores locais” antes que as precipitações dificultem o acesso a certas regiões.

O Centro Africano de Controle de Doenças que a União Africana decidiu criar em 2015 permitirá reagir com mais rapidez no caso de uma nova epidemia, destacou Nabarro.

“Levamos muito tempo para nos prepararmos. Precisamos de meios melhores de intervenção”, disse o especialista ao comentar as lições da recente epidemia de Ebola, a pior na história do vírus.

A comunidade internacional e a União Africana foram acusadas de passividade ante a epidemia que matou quase 9.000 pessoas em um ano, essencialmente em Guiné, Libéria e Serra Leoa.

A epidemia evidenciou o estado desastroso dos sistemas de saúde em alguns países africanos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou em 23 de janeiro a queda radical do número de pessoas contaminadas pelo vírus, mas advertiu que a situação continua sendo “extremamente preocupante” e que não era possível descartar um novo foco.

A febre hemorrágica do ebola, altamente contagiosa e com taxa de mortalidade que pode chegar a 90% dos enfermos, é transmitida por contato direto com sangue, secreções corporais (suor, excremento…), por via sexual e pelo contato com corpos contaminados. (Fonte: G1)