O Brasil vai aumentar o uso de energias renováveis, reduzir mais o desmatamento e promover a agricultura de baixo carbono como parte de sua proposta para a conferência do clima, que neste ano acontece em Paris, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Em sua proposta para a conferência climática das Nações Unidas, em Paris, neste ano, o maior país da América Latina vai propor novas metas ambiciosas para reduzir a destruição da floresta amazônica, aumentar o reflorestamento e ampliar o uso de energia solar, hídrica e eólica. Para isso, o Brasil vai necessitar de mais capital e tecnologia estrangeiros, disse Izabella, em seu escritório em Brasília.
Ao longo da última década, o Brasil foi um dos protagonistas do mundo na luta contra as mudanças climáticas, reduzindo as suas emissões de carbono em 41% entre 2005 e 2012, segundo dados oficiais. Realizar mais cortes pode ser mais difícil. As emissões vindas da geração de energia durante o mesmo período aumentaram 36% e houve uma queda na velocidade da redução do desmatamento da Amazônia, a maior fonte de aumento das emissões de carbono do país.
“O Brasil não será o último país a oferecer sua contribuição nem seremos pouco ambiciosos”, disse Izabella na terça-feira (14). “Vocês vão se surpreender.”
No mês passado, o México se tornou o primeiro país em desenvolvimento a apresentar sua proposta para a conferência da ONU em dezembro, prometendo reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 22% como meta até 2030. Os EUA se comprometeram a cortar as emissões em 26% a 28% até 2025 em relação aos níveis de 2005. A conferência reunirá 190 países para buscar um acordo para redução do aquecimento global.
As primeiras propostas para a ONU não necessariamente são as melhores, disse Izabella, acrescentando que a proposta do país seria baseada em consultas substanciais e que o governo estudaria cuidadosamente os custos da introdução de novos métodos de produção.
Desmatamento zero – Em seu plano, o Brasil entregará um número de meta para a redução do desmatamento ilegal, realizado principalmente por pecuaristas que cortam e queimam árvores para a criação de gado.
Os fazendeiros e donos de terras do Brasil podem derrubar legalmente uma parcela limitada de floresta. Segundo o novo plano, qualquer desmatamento legal restante será compensado pelo plantio de mata nativa, essencialmente, disse Izabella. O financiamento do governo para a polícia florestal (Ibama) não foi afetado pelos cortes de gastos pensados para reduzir o deficit fiscal do país, disse ela.
O desmatamento da Amazônia caiu para 4.571 quilômetros quadrados em 2012, contra 27.772 quilômetros quadrados em 2004. A derrubada subiu no ano seguinte e caiu de novo para 4.848 quilômetros quadrados em 2014, segundo dados do site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
“O Brasil hoje não tem obrigação de reduzir as emissões”, disse Izabella. “Mesmo assim, nós adotamos uma política nacional de mudança climática em 2010”. A destruição das florestas responde por 15% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil, contra 58% uma década atrás.
Papel modesto – O Brasil tem sido tímido nas negociações das mudanças climáticas, segundo Marcio Sztutman, gerente da The Nature Conservancy no Brasil.
“Nós poderíamos promover nossa liderança tendo metas ambiciosas e transparentes, anunciadas antes da reunião em Paris, no fim do ano”, disse Sztutman, por e-mail.
O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, argumenta que os países ricos devem ser mais ambiciosos em relação às propostas climáticas por causa de seu histórico de grandes emissões.
Izabella disse que o Brasil assumiria o papel de liderança no grupo formado com a China e a Índia, que vem representando os países subdesenvolvidos nas negociações.
“A grande discussão na conferência será a forma de financiar as mudanças”, disse ela. “Tudo tem um custo. Esta conferência não é sobre meio ambiente. É sobre economia.” (Fonte: UOL)