Governo egípcio deve autorizar busca pelos restos mortais de Nefertiti

O ministro de Antiguidade do Egito, Mamdouh el-Damaty, afirmou ontem que está mais convicto de que os restos mortais de uma rainha estão em uma câmara secreta atrás da tumba de Tutancâmon, construída há 3.300 anos.

Ao visitar o sítio arqueológico do Vale dos Reis, em Luxor, El-Damaty afirmou que o mausoléu explorado abriga pelo menos mais um cômodo oculto.

O ministro conheceu o local acompanhado do egiptólogo britânico Nicholas Reeves, autor de uma hipótese sobre a tumba que ganhou popularidade. Segundo o pesquisador, Tutancâmon, que morreu aos 19 anos, pode ter sido enterrado em uma câmara externa daquela que seria originalmente a tumba de Nefertiti.

“Eu concordo com ele de que provavelmente há algo atrás das paredes”, disse El-Damaty. Ele acredita, porém, que se alguém foi enterrado ali pode ter sido Kia, mãe de Tutancâmon. De um jeito ou de outro, ele prometeu conseguir aprovação para uma inspeção da tumba com uso de radar.

Reeves afirma que as paredes devem ocultar dois corredores inexplorados, um dos quais talvez leve à tumba de Nefertiti. Ele também argumenta que o projeto da tumba sugere que ela tenha sido construída para uma rainha, e não um rei.

Mudança de nome – Nefertiti, famosa por sua beleza retratada em um busto, foi a primeira mulher do faraó Aquenáton, que tentou transformar o Egito num estado monoteísta. Ele foi sucedido por um faraó aos quais inscrições se referem como Semencaré e, depois, por Tutancâmon, que deve ter sido seu filho. Reeves diz crer que Semencaré seja Nefertiti, que teria mudado de nome ao assumir o poder.

“Como Nefertiti morreu uma década antes de Tutancâmon morrer, eles se lembraram de que a tumba dela estava lá e pensaram em estendê-la”, afirmou.

A descoberta da tumba de Tutancâmon em 1922 revelou ao mundo a máscara funeral dourada pela qual o rei egípcio ficou famoso e fez aumentar o interesse popular sobre essa era da história egípcia, chamada de período Amarna.

Apesar de inscrições em tumbas fornecerem alguma informação, elas nem sempre ajudam a esclarecer a linhagem genealógica dos faraós.

“Cada egiptólogo tem uma visão diferente sobre o período Amarna, porque temos um monte de evidências para discutir, mas não o suficiente para chegar a uma conclusão final”, diz Reeves. “Se encontrarmos algo mais, mesmo uma pequena nova inscrição, seria um grande avanço, poderia mudar tudo.”

O ministro do Turismo, Hesham Zazou, disse esperar que a nova descoberta reavive o turismo arqueológico no Egito, que não se recuperou ainda das turbulências políticas no país desde a queda do ditador Hosni Mubarak. (Fonte: G1)