Ban pede acordo na COP21 porque “não há plano B” para a mudança climática

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse neste sábado (10) acreditar em se fechar um acordo global “crível, transparente e explicável” contra a mudança climática na cúpula que será realizada em Paris em dezembro e advertiu que “não há plano B porque não há planeta B”.

Ban, que chegou no sábado à Bolívia para participar da II Conferência Mundial dos Povos sobre Mudança Climática, ressaltou aos presentes a esta reunião a importância de se conseguir um compromisso firme de todos os países na Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, conhecida como COP21.

“Sabemos o que temos que fazer para atenuar a mudança climática. Temos que chegar a um sólido acordo mundial em Paris que obrigue todos os países a conter as emissões de gases do efeito estufa e fortalecer a resiliência”, disse Ban.

“A reunião de Paris deve ser um ponto de inflexão em nosso esforço coletivo para proteger a Mãe Terra, e o acordo fechado deve deixar bem claro que a transformação da economia mundial em uma economia com baixas emissões de carbono é inevitável e benéfica, e que já está em andamento”, continuou.

Ban, que disse vislumbrar um “pacto transformador” na COP21, considerou que os países desenvolvidos “devem facilitar uma via política confiável para cumprir com sua promessa de contribuição de US$ 100 bilhões por ano até 2020”.

Ele se referiu, além disso, à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, aprovada em setembro passado pela Assembleia Geral da ONU como um plano concreto para acabar com a pobreza no mundo “de maneira irreversível”, mas também “para preservar nossa Mãe Terra”.

“Nosso objetivo é a transformação. Não se deve excluir ninguém. Nenhum homem. Nenhuma criança. E, sobretudo, nenhuma mulher”, ressaltou.

Assim, Ban considerou que o desenvolvimento sustentável equitativo não era possível sem a participação das mulheres, “se não respeitamos a metade da população mundial nem lhe damos participação”.

Segundo Ban, a Bolívia é “um bom exemplo” das políticas paritárias, ao ter tantas mulheres quanto homens no parlamento.

No país andino, no entanto, a taxa de violência machista é a mais alta da América Latina, segundo dados de ONU Mulheres.

“Garantir a participação da mulher em todos os níveis da adoção de decisões é crucial não só para a igualdade de gênero, mas também para a democracia e o desenvolvimento sustentável inclusivos”, disse.

Ban também destacou o princípio do “viver bem” que a Bolívia promoveu na ONU e que “serviu de inspiração para as deliberações sobre a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.

“Viver bem é viver em solidariedade com o ser humano e em harmonia com a Mãe Terra, cujo cuidado é uma questão moral”, explicou.

Esta filosofia, lembrou o secretário-geral da ONU, também foi defendida em setembro passado em Nações Unidas pelo papa Francisco, cuja última encíclica “destaca o vínculo direto que existe entre cuidar do meio ambiente e atender aos pobres e vulneráveis do mundo”.

O secretário da ONU se referiu a suas “evidentes” e cada vez maiores consequências, desde secas e incêndios a inundações, deslizamentos de terra, geleiras que se derretem e aumento da acidez dos oceanos.

Ban finalizou seu discurso com um comentário sobre princípios indígenas andinos que Morales defendeu na ONU: “Ama suwa” (não seja ladrão), “Ama llulla” (não seja mentiroso) e “Ama qhilla” (não seja preguiçoso). (Fonte: Terra)