Três quartos dos CEOs entrevistados pela consultoria PwC disseram que estão desenvolvendo novos produtos e serviços para responder às alterações climáticas, e um terço alega que tais iniciativas estão colaborando para o crescimento de seus negócios, segundo o estudo “CEO Pulse: climate change”.
A pesquisa mostra ainda que mais da metade está motivada pela possibilidade de melhorar a participação no mercado (53%) e a construção de confiança em sua organização (52%); 58% dizem que suas empresas estão fazendo parcerias com fornecedores e parceiros de negócios a fim de enfrentar os riscos de mudança climática e oportunidades, 55% com consumidores; 89% disseram que fizeram melhorias de eficiência energética, e 74% fixaram metas de reciclagem; 61% mudaram os modelos de monitoramento e gerenciamento de riscos; 49% dos líderes estão tendo discussões em nível administrativo sobre o tema uma vez por ano ou mais para apresentar soluções empresariais mais assertivas e alinhadas às mudanças climáticas.
De acordo com a PwC, a pesquisa demonstra uma conscientização crescente por parte dos líderes empresariais em relação ao clima, além do aumento de ações baseadas na eficiência de custos, gestão de risco mais forte e novas oportunidades de mercado.
“Dentre os CEOs entrevistados, 80% nos disseram que o que os motiva pessoalmente a respeito das mudanças climáticas é o desejo de proteger os interesses das gerações futuras. Entretanto, basta observar o tema com atenção para notar o surgimento de um grupo menor entre os principais CEOs que associam a questão com o crescimento, os custos, risco e valor para o acionista. É mais importante estar motivado por questões de negócios, bem como questões morais, e fazer uma ligação entre alterações climáticas e o desempenho financeiro, especialmente no atual contexto, que precede um acordo ambicioso sobre as mudanças climáticas este ano”, diz Carlos Rossin, diretor de Sustentabilidade e Mudança Climática.
Acordo climático – A pesquisa revelou ainda algumas das principais preocupações relacionadas ao acordo global climático que está por vir: os impactos sobre os preços da energia (61%) e o potencial aumento da regulamentação do governo (56%); impactos climáticos de longo prazo sobre as cadeias de fornecimento (51%) e infraestrutura (35%).
A 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21) será entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro em Paris, com perspectiva de assinatura do maior acordo climático do mundo. O Protocolo de Paris vai substituir o Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em fevereiro deste ano. O Protocolo de Paris envolverá mais de 190 países que fazem parte da Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), ao contrário do acordo anterior, que englobava menos de 40 países desenvolvidos.
“As questões de curto prazo de hoje, como o custo da energia e preocupações regulatórias, passarão a ser as ameaças e estratégias em longo prazo para a competitividade e o crescimento de amanhã. As implicações das mudanças climáticas são um check-list de problemas críticos de negócios que vão desde os preços das commodities e energia, logística e abastecimento, ao investimento, talento e retenção de clientes”, diz Rossin.
Para os entrevistados, os aspectos mais importantes atrelados à ação climática são a maior sensibilização do público, com o engajamento (80%), e uma estrutura política clara e consistente, com políticas governamentais de longo prazo (77%). Em contrapartida, apenas 46% identificaram um acordo vinculativo, como a conferência que resultará no Protocolo de Paris sobre as alterações climáticas, como o principal motor para as ações no seu setor.
“Muitas vezes, é difícil fazer uma correlação entre as negociações climáticas globais e questões de negócios do dia a dia. Os CEOs estão mais focados no curto prazo e em questões diretas, como regulação e atitudes dos consumidores. Menos da metade dos CEOs vê o acordo de Paris como um ‘driver’ para as ações no seu setor, apesar de seu papel como um catalisador para a regulamentação nacional, ou faz a conexão com o valor do acionista”, diz Rossin. (Fonte: G1)