MPF diz que a Vale jogava mais rejeito em barragem de MG do que declarou

Um documento do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), obtido com exclusividade pelo Jornal Nacional, mostra que a Vale jogou mais rejeitos na barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, do que tinha declarado. A empresa é dona da Samarco, junto com a BHP Billiton.

No dia 24 de novembro, a Vale admitiu que utilizava a barragem de Fundão. Mas afirmou que apenas 5% do volume total eram despejado por ano no local. De acordo com o documento, em 2014, o total de rejeitos líquidos jogados na barragem de Fundão passou de 18 milhões de m³. A Vale foi responsável por 28% desse total.

Os técnicos do DNPM vistoriaram a barragem de Fundão, que se rompeu no dia 5 de novembro, e a mina da Vale, que fica ao lado. O documento mostra que os rejeitos produzidos pela empresa eram levados até fundão por meio de tubos. Em 2013, a empresa lançou o equivalente a 15,5% do volume. Em 2012, este número era 11,8%.

“A Vale contribuiu com quase trinta por cento do rejeito depositado na barragem de Fundão (…) diante desse volume declarado da deposição de rejeitos, mais uma vez se confirma a orientação seguida pelo MPF de que, no contexto de responsabilização, nós tratamos a Vale, a BHP e a Samarco dentro do mesmo grupo de responsáveis”, disse o procurador da república Jorge Munhós.

As fiscalizações no Complexo Alegria, da Vale, aconteceram após a tragédia. O objetivo principal era investigar se a empresa lançava rejeitos na barragem. Portanto, o DNPM não sabia desta operação.

Ainda segundo o documento, o órgão sugere uma fiscalização no “Complexo Alegria, nas áreas de mina, beneficiamento e , sobretudo na barragem Campo Grande, de maneira urgente uma vez que a mesma atingiu sua cota máxima de projeto em 2014 e encontra-se em utilização”, vizinho a Mina Germano, da Samarco.

A Vale não quis comentar a investigação do Ministério Público Federal. Procurada, a empresa reitera que “depositou menos de 5% do total de rejeitos no ano passado”. (Fonte: G1)