Março costuma ser um dos meses mais chuvosos no Ceará e o balanço da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) confirma isso: a média de precipitações no estado no mês passado foi de 131,5 milímetros (mm), contra 58,6 mm registrados em fevereiro.
Mesmo mais intensas, as chuvas de março ficaram 35% abaixo da média histórica do mês, que é de 203,4 mm. A situação reflete o prognóstico da fundação para os meses de março a maio, que apontou uma probabilidade de 70% de as chuvas ficarem abaixo da média histórica.
Março repetiu o mesmo cenário de fevereiro, com o fenômeno El Niño (aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial) afetando a atuação da Zona de Convergência Intertropical, principal sistema meteorológico da quadra invernosa (período de quatro meses, de fevereiro a maio, que concentra grande parte das chuvas do estado).
Uma das características do mês passado, conforme o meteorologista Raul Fritz, foi a ocorrência de chuvas concentradas em alguns dias. Segundo ele, a tendência deve se repetir em abril, também considerado um dos mais chuvosos. Um exemplo disso ocorreu no começo deste mês em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza, que recebeu 252 mm de chuva na quinta-feira (7), a maior registrada no Ceará neste ano. Na sexta (8), o município registrou 78 mm.
Para Fritz, essa tendência preocupa porque as precipitações concentradas no tempo e no espaço não são capazes de dar recargas significativas nos reservatórios. “As chuvas se concentraram em alguns dias e foram bem localizadas, principalmente as mais expressivas. Algumas vezes, choveu nas regiões dos principais açudes do estado, mas elas precisariam ser mais recorrentes para corresponder a um aporte hídrico mais importante.”
As chuvas de março elevaram em pouco menos de um ponto percentual os níveis dos 153 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Na sexta-feira, o volume estava em 13,2% da capacidade útil. (Fonte: Agência Brasil)