O mês de abril de 2016 foi o mais seco dos últimos 21 anos na cidade de São Paulo, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergência.
Para o Centro, a estiagem antecipada pode agravar as queimadas e piorar qualidade do ar. “Isso é muito ruim. A estação de estiagem começou um pouco mais cedo e isso pode interferir na qualidade do ar e também em uma maior quantidade de queimadas no auge do inverno, que é o auge da estação seca aqui em São Paulo”, disse Thomaz Garcia, meteorologista do CGE.
Segundo o o Instituto Nacional de Meteorologista (Inmet) o mês de abril foi “bem anômalo” por causa da série recorde de dias quentes, segundo o Instituto Nacional de Meteorologista (Inmet). Até o dia 25, foram 20 dias seguidos com temperatura acima de 30ºC na capital paulista. A sequência mais longa na cidade havia sido de 11 dias, em abril de 1987 e 2005, divulgou o Inmet. O instituto iniciou suas medições em 1943. Além do calor, a falta de chuva agrava os riscos de queimadas e queda no nível dos reservatórios que abastecem a Grande São Paulo.
“Essas sequências [de dias mais secos] até costumam acontecer, mas não nessa época não. Elas são mais comuns no pico do inverno. Os motivos disso ainda precisam ser estudados de forma mais profunda, mas em São Paulo, por exemplo, não tivemos nem mesmo a brisa do oceano”, afirmou o meteorologista Marcelo Schneider, do Inmet.
No dia 9, a temperatura máxima alcançou 32,9°C na cidade de São Paulo, a segunda mais elevada para um dia de abril desde 1943. O calor prolongado, segundo Schneider, pode estar relacionado ao fenômeno El Niño e ser um dos responsáveis por bloquear a passagem de frentes frias no estado de São Paulo nas últimas semanas, que poderiam levar chuva e ar mais frio para as cidades paulistas.
Na capital, a estação do Inmet no Mirante de Santana, na Zona Norte, marcou 0,6 mm de chuva até o momento. O volume esperado, baseado na série histórica, são 81,2 mm. Outros municípios do interior também passam por um mês extremamente seco. Em Presidente Prudente, não houve registro de chuva em abril. Já em São Simão, choveu só 0,5 mm.
Apesar da sensação de tempo seco, o meteorologista disse que os índices de umidade relativa do ar ficaram dentro da média esperada para abril. “Em alguns dias, a umidade ficou abaixo dos 30%, tanto na capital como no interior, mas isso é normal para o mês. O problema foi a sequência de dias de muito calor, o que não é comum”, explicou o meteorologista Marcelo Schneider.
Queimadas acima da média – A sequência recorde de dias quentes e sem chuva colaboraram para o aumento de 330% de queimadas em abril no estado de São Paulo, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entre o dia 1º de abril e esta segunda-feira (25), 241 focos de queimadas foram registrados nas cidades paulistas, ante 56 no mesmo período em 2015.
Além do calor e da falta de chuva, também são fatores que favorecem a ocorrência das queimadas as bitucas de cigarro jogadas perto de estradas ou a presença de papéis e cacos de vidro nas matas. Provocar incêndio em áreas verdes é crime sem pagamento de fiança e pode dar até seis anos de cadeia.
Desde o começo do ano até domingo (24), o aumento de queimadas em São Paulo foi de 90%. Os números de 2016 são os mais altos para o mês dos últimos sete anos, ainda de acordo com o Inpe. Os índices de chuva costumam a registrar queda em abril, início do período seco no estado. Mas, neste ano, a chuva ficou muito abaixo do esperado e se concentrou no começo do mês.
O pesquisador Alberto Setzer, coordenador do monitoramento de queimadas do Inpe, afirmou que todos os casos de queimadas são resultado da ação humana, intencionalmente ou não. “As condições climáticas apenas favorecem a propagação do fogo. Abril foi um mês mais seco e muito mais quente do que a média”, explicou.
Apesar dos números alarmantes, o pesquisador disse que os dados referentes a abril são muito baixos ao que deve acontecer no segundo semestre. “A maioria das queimadas acontece entre julho, agosto e setembro”, completou Setzer. Por isso, o Inpe disponibiliza relatórios pela internet e específicos para entidades e órgãos públicos para ajudar na prevenção e combate às queimadas. (Fonte: G1)