Cientistas conseguiram detectar em um cometa a presença de dois ingredientes fundamentais para a vida: a glicina – um aminoácido – e o fósforo, segundo estudo de pesquisadores europeus, divulgado nesta sexta-feira (27).
O achado foi realizado no 67P/Churyumov-Gerasimenko (ou simplesmente ‘Chury’), um cometa descoberto no fim dos anos 1960 por cientistas ucranianos, e que é investigado pela sonda europeia Rosetta.
Ainda que tenha sido detectada a presença de mais de 140 moléculas orgânicas diferentes no espaço, é a primeira vez que são encontrados “com total certeza” estes elementos, essenciais para o desenvolvimento do DNA e das membranas celulares.
Traços de glicina, necessários para formar proteínas, já haviam sido encontrados nos restos da cauda do cometa Wild 2, que a Nasa conseguiu obter em 2004.
Mas naquele momento, os cientistas não puderam descartar por completo a possibilidade de as amostras terem se contaminado de alguma maneira durante a análise feita na Terra.
O achado agora permite confirmar a existência de glicina e fósforo nos cometas. Os resultados desta investigação, obtidos graças a Rosina, espectrômetro da sonda Rosetta, foram publicados na revista americana Science Advances.
“Trata-se da primeira detecção com total certeza de glicina na atmosfera de um cometa”, assinalou Kathrin Altwegg, da Universidade de Berna (Suíça), chefe do projeto Rosina e autora do trabalho.
Reservatórios – É muito difícil detectar a glicina, pois ela passa do estado sólido ao gasoso abaixo dos 150 graus Celsius, o que significa que este aminoácido se decompõe na forma gasosa na fria superfície do cometa.
Diferentemente de outros aminoácidos, a glicina é a única que pode se formar sem a necessidade da presença de água em estado líquido, assinalaram os cientistas.
A origem do fósforo detectado na fina atmosfera do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko não foi determinada, acrescentou a investigação.
“Demonstrar que os cometas são reservatórios de materiais primitivos do sistema solar e que eles podem transportar esses ingredientes-chave para a vida na Terra é um dos principais objetivos da Rosetta”, assinalou o cientista encarregado desta missão da Agência Espacial Europeia, Matt Taylor. (Fonte: G1)