Cientistas espanhóis estão participando do projeto de pesquisa internacional Metasub, que pretende fazer um mapa do microbioma dos sistemas de transporte público de 54 cidades no mundo todo, incluindo Nova York, Hong Kong, Paris, Cidade do México, São Paulo e Barcelona.
Na terça-feira (21), os cientistas do Metasub realizaram o Dia Global de Coleta de Amostras no mundo todo e saíram para recolher exemplares no metrô de Barcelona – e nas outras cidades – para este projeto, que terá cinco anos de duração.
Os cientistas do Centro de Regulação Genômica (CRG) de Barcelona participam do projeto não só coletando e sequenciando amostras do metrô de sua cidade, mas também lideram o grupo de trabalho que melhorou e padronizou os protocolos para processá-las nos laboratórios.
O projeto Metasub nasceu em 2013 em Nova York, liderado por Christopher E. Mason, na faculdade Weill Cornell Medical e atualmente é um consórcio de laboratórios que pretende estabelecer um “mapa do DNA” mundial dos micróbios presentes no transporte público.
“O fato de reunir cientistas de 54 cidades no mundo todo em uma iniciativa realmente interdisciplinar faz com que este projeto seja único”, declarou o chefe de grupo no CRG e coordenador do projeto Metasub em Barcelona, Stephan Ossowski.
O Metasub – acrescentou Ossowski – permitirá desenvolver novos padrões no campo da metagenômica e otimizar os métodos de pesquisa e visualização.
O diretor de qualidade e meio ambiente em Transportes Metropolitanos de Barcelona, Eladio de Miguel, disse que considera “a colaboração com a pesquisa científica como um dever e o conhecimento que será apresentado pelo projeto Metasub de pesquisa do microbioma na rede do metrô contribuirá para que o deslocamento de milhares de pessoas aconteça em melhores condições”.
Segundo os cientistas, os sistemas de transporte público representam meios, microbiomas e metagenomas urbanos únicos.
O microbioma constitui um elemento importante de nosso ambiente: as bactérias dentro e sobre o nosso corpo superam as células humanas em uma proporção de dez para um, até 36% das moléculas ativas presentes na corrente sanguínea provêm do microbioma, e é um elemento-chave para a saúde humana.
No entanto, a forma como os humanos interagem e adquirem novas espécies de bactérias depende do ambiente em que se encontram, do tipo de superfícies que tocam, e do ambiente.
Isso, segundo os especialistas, pode ter ainda mais relevância em ambientes construídos e densos como as cidades, onde se concentra a maior parte da população mundial (54%).
Os dados gerados pelo consórcio MetaSub servirão para urbanistas, responsáveis de saúde pública e projetistas, mas também favorecerão o descobrimento de novas espécies, sistemas biológicos, e clusters genéticos.
Segundo Ossowski, o projeto permite abordar muitas perguntas, por exemplo, como o microbioma muda de acordo com o tempo, o fluxo de gente, a limpeza, e os materiais do mobiliário.
Além disso, há outras questões relacionadas com a cidade, como as diferenças entre bairros e distritos, sua localização geográfica em relação ao mar, o nível socioeconômico de seus usuários, etc.
Para isso, foi escolhido um conjunto muito variado de estações, desde as mais antigas da cidade, até as mais turísticas, ou as que estão próximas a hospitais, assim como as situadas em diferentes distritos e bairros para ilustrar a diversidade e o multiculturalismo da cidade. (Fonte: UOL)