Povos tradicionais protestam na Embaixada da Alemanha por produção sustentável

Um grupo de indígenas, quilombolas e pescadores tradicionais protestou na quinta-feira (10) em Brasília em frente à Embaixada da Alemanha para chamar atenção do país, que importa produtos brasileiros, sobre a situação vivida por esses povos no Brasil.

O secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber Buzatto, acompanhou o grupo e disse que um dos objetivos do ato é pedir que as embaixadas informem seus países sobre a situação de violência vivida por populações tradicionais no Brasil e que condicionem os contratos de importação a mudanças.

“Procurem os setores ligados ao agronegócio e condicionem a continuidade dos contratos de importação a uma mudança de postura do setor ligado à produção de commodities no Brasil, ou seja, uma das questões que eles pedem é a suspensão dos contratos de importação condicionando a importação ao respeito aos direitos humanos aqui no país”.

O grupo entregou um documento endereçado ao embaixador alemão no Brasil, Dirk Brengelmann, com um pedido de apoio para as causas indígenas e quilombolas. “Estamos hoje aqui com várias delegações indígenas nessa caminhada para entregar um documento na embaixada da Alemanha pedindo que apoie a nossa luta por respeito aos nossos direitos. O Brasil hoje, com as suas produções, atende a Alemanha em muitos produtos que são exportados”, disse o cacique Nailton Pataxó.

O líder indígena também destacou outros pontos tratados no documento como a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Fundação Nacional do Índio (Funai) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/00, que altera as regras para a demarcação de terras indígenas, de remanescentes de comunidades quilombolas e de reservas.

A coordenadora da Articulação Nacional dos Quilombos (ANQ), Fátima Barros, também participou da manifestação. “Nossa expectativa é sensibilizar este país que é um país importante para a economia do Brasil até por fazer esta ponte das importações de vários produtos, para que eles tenham a sensibilidade de adquirir estes produtos de quem trabalha com produtos que não impactam as nossas comunidades”, disse.

Ministro – Na embaixada alemã, o grupo foi recebido do lado de fora pelo ministro de Assuntos Econômicos e Temas Globais da embaixada, Christoph Bundscherer, já que o embaixador não estava na cidade. Em conversa com representantes dos manifestantes, o funcionário disse que é preciso se preocupar com a maneira como os alimentos importados são produzidos.

“Pelo que eu entendo é muito importante que os países consumidores de produtos agrícolas se preocupem também com a proveniência, de como são produzidos esses alimentos, seja carne, seja soja e outros. Como são produzidos, em quais condições e se isso é em detrimento de povos e se podem ser produzidos de uma forma que tenha mais consideração com os povos da natureza e dos direitos humanos”, disse.

Um pequeno grupo de manifestantes foi convidado pelo ministro para uma reunião em seu gabinete para conversar sobre os pontos do documento. (Fonte: Agência Brasil)