O Piauí registrou nas últimas 48 horas um total de 261 focos de incêndio e é o quarto estado do país com o maior número de queimadas nesse intervalo de tempo. Os dados são do monitoramento por satélite do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Imagens feita pela TV Clube mostram um incêndio nesta quinta-feira (13) na zona urbana de Teresina. Uma cortina de fumaça vem tomando a capital desde a quarta-feira (12).
O estado só perde para o Maranhão (660), Pará (439) e Tocantins (399) em número de queimadas nas últimas 48 horas. Somente nessas duas semanas de outubro foram 695 focos identificados, o que já corresponde a 17% do que foi registrado em todo o mês de outubro do ano passado. Este ano já são mais de 4.980 focos. Em 2015, segundo o mapeamento do Inpe, foram 14.730 registros de queimadas no estado.
Com umidade relativa do ar abaixo de 30% e temperatura beirando os 40 graus a probabilidade de novos incêndios só aumentam. De acordo com a meteorologista Sônia Feitosa, não há previsão de chuvas para os próximos quatro dias e todo o estado apresenta índices de baixa umidade preocupantes. Teresina, por exemplo, registrou índice de 13%, considerado estado de alerta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A situação colocou em alerta o poder público e nesta quinta-feira (13) uma reunião de emergência foi convocada. Além do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibama), Ministério Público e secretarias de Meio Ambiente participaram do encontro.
Diante de tantos casos de incêndios, a Associação dos Bombeiros Militares do Estado do Piauí (Abmepi) denunciou a falta de estrutura do Corpo de Bombeiros e diz que a corporação vem “administrando caos”, apesar do órgão ser o segundo maior arrecadador de verbas do Piauí. Esta semana, durante uma ocorrência, a reportagem da TV Clube flagrou uma das mangueiras com vazamentos.
Existem apenas quatro companhias do Corpo de Bombeiros em todo o Piauí, localizados nas cidades de Teresina, Parnaíba, Picos e Floriano. Para atender os 224 municípios do estado, existem 314 bombeiros, sendo que metade atua somente em Teresina. Além disso, a corporação é responsável por atender os municípios localizados a um raio de 140 quilômetros da capital. Em Parnaíba, por exemplo, são apenas 42 militares para atender a região que compreende as cidades de Cajueiro da Praia a Piripiri.
O governo liberou o valor de R$ 3 milhões para o pagamento de folgas de militares para que eles reforcem a equipe do plantão. Além disso, a Defesa Civil irá colocar à disposição da corporação em Teresina, carros-pipas para auxiliar nas ocorrências. Segundo o major José Veloso, relações públicas do Corpo de Bombeiros, o Exército também poderá ajudar no reforço das equipes.
Em Teresina, somente neste mês os bombeiros registraram o atendimento a 101 ocorrências, a maior parte delas de incêndios em vegetação e terrenos baldios. Na quarta-feira (12), foram 17 atendimentos.
Incêndios graves – Em Teresina, comerciantes do ponto conhecido como Rodoviária da Ladeira do Uruguai, Zona Leste, passaram por um verdadeiro sufoco durante incêndio ocorrido na quarta-feira (12). A situação ficou ainda mais grave, pois no local não há água encanada. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas não chegou a atender a ocorrência.
O fogo começou do terreno do fundo e rapidamente tomou de conta de tudo. “Foi um verdadeiro sufoco. Aqui, nós somos esquecidos, não temos água encanada, além de termos chamado os bombeiros e eles disseram que o carro mais próximo estava no povoado Santa Teresa e sem água”, disse a comerciante Sônia Dias que atua há 30 anos no local.
“Estou desempregado e sem ter para onde correr. Hoje, eu não tenho mais casa, nem emprego. Eu ainda lutei para apagar o fogo, mas não consegui. Perdi tudo”. A fala é de Edson Barbosa, que teve sua casa e o comércio destruídos pelo fogo no Povoado Gondo, na zona rural de Teresina.
O incêndio aconteceu na tarde de terça-feira (11) e atingiu três residências. Segundo os moradores, o fogo só não causou uma destruição maior, pois eles se reuniram em uma força tarefa para apagar o fogo e evitar que ele se alastrasse mais. As chamas começaram as margens da PI-112, que liga a capital a União, e os moradores acreditam que ele tenha se alastrado e, com o vento, fagulhas atingiram as residências.
União – Correria, desespero e uma região devastada pelo fogo. Este é o cenário na Zona Rural em União, cidade ao Norte do Piauí. Pelo menos cinco famílias ficaram desabrigadas após um incêndio de grades proporções atingir sete comunidades. As chamas começaram ainda na terça-feira (11) e até a manhã desta quinta-feira (13) pequenos focos ainda persistiam. No total, são 40 pessoas desabrigadas.
Com umidade relativa do ar abaixo de 30% e temperatura beirando os 40 graus, o fogo se espalhou de forma rápida e o corre-corre foi inevitável. Segundo a equipe de Defesa Civil do município, além das famílias que perderam suas casas, cerca de 20 animais também morreram carbonizados e uma vasta vegetação foi consumida pelas chamas. A prefeitura ainda não conseguiu calcular a dimensão da área que foi atingida. (Fonte: G1)