O Banco Internacional de Sementes de Svalbard, na Noruega, foi inaugurado em 2008 com a ideia de se tornar um “cofre alimentar” e preservar em baixas temperaturas 4,5 milhões de amostras de sementes em caso de um desastre global. No entanto, de acordo com o jornal britânico “The Guardian”, as altas temperaturas da região, que fica a 1.300 km do Círculo Polar Ártico, derreteram o gelo, e a água agora está inundando o túnel de entrada do congelador, que é mantido a -18ºC.
O Ártico passou por um ano de 2016 com recorde de temperaturas, de acordo com cientistas. Pesquisadores dinamarqueses e norte-americanos as monitoram por meio de satélites e estações meteorológicas. As temperaturas do mar ficaram, em média, 4ºC mais altas do que o habitual nos meses de outubro e novembro, segundo a pesquisadora Jennifer Francis, da Universidade Rutgers, em Nova Jersey.
Além disso, o gelo marinho, que se forma e derrete a cada ano, diminuiu mais de 30% nos últimos 25 anos. No final de 2016, o Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve (NSIDC, sigla em inglês), dos Estados Unidos, disse que a região tinha 2 milhões de km² a menos de gelo do que o normal para a época.
Apesar de todos os sintomas do aquecimento global, e do vazamento de água para o Banco de Svalbard, nenhuma semente foi perdida. Quando construída, a “arca” foi afundada em uma área de permafrost, tipo de terreno do Ártico feito por terra, gelo e rochas, e ele deveria ser a barreira contra possíveis desastres, mas também derreteu.
“Não estava em nossos planos imaginar que o permafrost não estaria mais lá e que nós já experimentaríamos um tempo extremo como aquele”, disse ao “Guardian” Heje Njaa Aschim, do governo norueguês, responsável pelo banco.
“Uma grande quantidade de água entrou no início do túnel e depois voltou a congelar, por isso parecia uma geleira”, completou.
Como a água não atingiu o espaço onde estão as sementes, o gelo foi retirado. A infiltração no banco, no entanto, põe em dúvida a real capacidade de o local ser resistente a possíveis catástrofes. “A ideia era operar sem a ajuda de humanos, mas agora estamos monitorando o cofre 24 horas”, disse Aschim.
Outras precauções estão sendo tomadas. O túnel de 100 m de comprimento está sendo impermeabilizado e trincheiras estão sendo cavadas para canalizar a água. Equipamentos elétricos que poderiam produzir calor também foram retirados. (Fonte: G1)