Uma auditoria da União Europeia (UE) concluiu que há “uma série de falhas sistemáticas” na produção da carne exportada do Brasil e ameaçou “agir de acordo” se o país não implementar medidas para garantir a segurança dos produtos enviados aos países do bloco.
As declarações foram feitas pelo comissário da UE Vytenis Andriukaitis em relatório sobre a missão e em carta enviada ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, pedindo que o Brasil adote medidas. Ele afirmou que se as autoridades brasileiras se recusarem ou falharem em implementar as ações, ele será forçado a “agir de acordo”.
Após visitar o país em maio, a missão da UE aponta que identificou “uma série de deficiências”, em particular na preparação dos produtos de carne de cavalo e aves, e acrescentou que há “muito a ser feito pelas autoridades brasileiras”. A visita ocorreu dois meses após o escândalo da operação Carne Fraca vir à tona.
Mais de 100 focos de contaminação – A auditoria apontou que as ações adotadas pelo Brasil para frear as irregularidades denunciadas na Carne Fraca foram limitadas aos 21 frigoríficos suspeitos, cinco deles elegíveis para exportar à Europa.
A missão encontrou mais de 100 focos de contaminação na carne brasileira, 77 deles devido à presença de salmonela em aves, mostra o documento da UE.
“Para minha decepção, as autoridades brasileiras parecem ter falhado em atender às recomendações para corrigir as falhas levantadas em outras auditorias”, escreveu o comissário Vytenis Andriukaitis em relatório sobre a missão.
A UE pediu que o Brasil limite novos pedidos de aprovação para exportar carne para a UE, e pede a retirada de autorização para exportar carne de cavalo de todos os matadouros elegíveis. A comissão também exige que sejam feitos exames biológicos em 100% dos produtos antes de serem exportados à UE.
O ministro interino da Agricultura, Eumar Novacki, disse que a carta da UE lhe causou “certa estranheza” porque “o relatório de inspeção técnico que chegou há pouco mais de 30 dias ao ministério da Agricultura está sendo respondido”. “O sistema funciona e é eficiente. Cabe lembrar que antes do Brasil começar a exportar os países importadores mandam inspeções para cá”, disse o ministro.
“Nos entendemos pressões que existem na comunidade Europeia. Pressões de marcado, países do bloco europeu que são produtores e concorrentes diretos do Brasil. Tudo isso entendemos, mas não podemos aceitar é que por qualquer razão que seja o nosso sistema seja colocado em cheque”, afirmou o ministro.
Carne Fraca – Dias após a deflagração da Carne Fraca, a UE exigiu que o Brasil suspendesse a exportação de empresas envolvidas na Operação Carne Fraca temporariamente. Em março, o comissário Andriukaitis confirmou que a UE estudava medidas mais rigorosas para a entrada de produtos brasileiros, como o fortalecimento das verificações documentais.
O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador. O setor vendeu para mais de 150 países no ano passado. (Fonte: G1)