Agora, é incontestável: o inverno chegou de fato. Pouco mais de uma semana após o início oficial da estação, os termômetros despencaram e ficaram abaixo de zero em cidades da serra catarinense e do Rio Grande do Sul nos últimos dias.
Em São Joaquim (SC), uma estação meteorológica chegou a registrar -5,4ºC, e os campos da região ficaram cobertos por gelo. Urupema (SC), conhecida como uma das cidades mais frias do Brasil, registrou temperatura de -4,8ºC.
O motivo é uma massa de ar polar que chegou ao território nacional no início de julho. Segundo a empresa Climatempo, é a terceira massa polar mais forte do ano até agora.
O frio intenso foi sentido também em algumas das maiores metrópoles brasileiras. Nesta segunda-feira, ainda que o termômetros de Belo Horizonte indicassem 8,9ºC, a sensação térmica chegou a -5ºC em regiões da capital mineira, onde foram registrados ventos de até 78 km/h. E Brasília também pode ter uma sensação térmica negativa nesta terça-feira, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Mas o que é a sensação térmica? E como ela é calculada?
“É a diferença entre o que o aparelho (de medição) registra e o que o corpo humano de fato sente nas condições de um lugar em um determinado momento. Para calculá-la, usamos uma tabela que leva em conta algumas variáveis, como a temperatura e a intensidade do vento, no caso de temperaturas mais frias”, diz Manoel Rangel, do Inmet.
Quanto maior a altitude de uma cidade, mais comuns são as temperaturas baixas, como é o caso de Urupema, que fica a 1.750 metros acima do nível do mar.
“À medida que você se distancia do nível do mar, a atmosfera fica mais rarefeita. Há menos vapor em suspensão no ar, um dos componentes responsáveis por regular a temperatura, já que a água retém calor”, afirma Alexandre Nascimento, da Climatempo.
Vento e umidade – Mas, quando há vento de altas velocidades, como o registrado em Belo Horizonte, o frio fica ainda mais acentuado.
Nascimento explica que, no caso do calor, o que mais influencia uma sensação termina é a umidade.
“Nosso corpo usa a água liberada por meio do suor para se resfriar. Se a umidade no ar está alta, isso significa que há mais água no ambiente. Então, suamos menos, aprisionando o calor no corpo e criando uma sensação de abafamento”, afirma Nascimento.
O especialista explica como isso afeta, por exemplo, a cidade de Manaus, que fica em uma região muito úmida. “No verão, faz cerca de 30ºC por lá, mas, por causa da umidade da floresta, a sensação térmica pode ser de 10ºC a mais”, diz.
“Assim, 40ºC em Cuiabá, onde é mais seco, pode significar um calor menos ‘intenso’ do que 30ºC em Manaus.”
Os meteorologistas esclarecem, no entanto, que a sensação térmica é calculada levando em conta as condições médias do corpo humano. “É algo subjetivo, porque cada pessoa percebe a temperatura de uma maneira diferente. Uma pessoa com mais gordura corporal tende a sentir menos frio que alguém mais magro”, explica Rangel.
“O cálculo tanto do índice de calor quanto de frio é baseado em uma equação matemática que leva em conta as características médias da população. Se não fosse assim, seria preciso ter um termômetro para cada pessoa”, afirma Nascimento. (Fonte: G1)