Uma exposição do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) nas áreas de saúde (leishmaniose, malária e dengue), nutrição, recursos hídricos e tecnologias sociais fez parte do exercício militar de ação humanitária do Exército Brasileiro, o Amazonlog, que acontece em Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. A simulação aconteceu no Posto de Espera do Centro de Controle de Evacuados (CCE), que funcionou no Colégio GM3. Ao menos 200 pessoas, entre comunitários e delegações de países observadores, visitaram a exposição.
O CCE foi um dos exercícios militares do Amazonlog, que iniciou na última segunda-feira (6) e prossegue até neste domingo (13). No CCE, os evacuados, vítimas de algum sinistro (guerra) ou evento catastrófico que esteja ocorrendo, passam por uma triagem em diversos postos (Saúde, Polícia Civil, Militar e Federal) para que possam ser aceitos no país. Após a evacuação, as pessoas são levadas para um abrigo.
Para o diretor do Inpa, Luiz Renato de França, é uma satisfação o Instituto participar do Amazonlog, uma iniciativa do Exército Brasileiro. “As Forças Armadas, em especial, o Exército, é um grande parceiro do Inpa com as ações do Programa Proamazônia”, destaca o diretor. “Com esta inserção, o Instituto está se mostrando presente neste evento e esperamos poder contribuir com as ações do Amazonlog”.
Segundo a coordenadora de Tecnologia Social do Inpa, Denise Gutierrez, a exposição associada a um exercício militar mostrou a importância dos conhecimentos que o Instituto gera, sobretudo, nas áreas de doenças tropicais. “O objetivo foi fazer com que a comunidade conheça essas possibilidades tecnológicas que podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida”, diz Gutierrez ao comentar que os temas expostos estavam entrelaçados.
Na exposição, os grupos de nutrição, saúde e recursos hídricos levaram seus conhecimentos que podem contribuir com as ações humanísticas do Amazonlog, além das tecnologias sociais como o equipamento de purificação de água capaz de desinfectar águas poluídas nas mais remotas regiões e as tecnologias verdes para uso na construção civil (placas de forro e divisórias de resíduos florestais não madeireiros).
Uma das expositoras, a pesquisadora do Inpa Antônia Franco, líder do Laboratório de Leishmaniose e Doenças de Chagas, mostrou o trabalho desenvolvido pelo laboratório. Estudos de ecoepidemiologia, de levantamento de identificação de espécies transmissoras, detecção de infecção dos parasitas, caracterização por análise bioquímica e molecular, além de estudos voltados para descobertas de novas drogas utilizadas para o tratamento da leishmaniose foram apresentados pelo laboratório.
Atualmente, o laboratório está trabalhando com um equipamento que utiliza a radiofrequência no tratamento da doença capaz de cicatrizar a ferida em pouco tempo. “A doença é endêmica no Brasil e há uma grande circulação e uma grande diversidade de espécies de patógenos e também de vetores”, explica Franco.
Um dos visitantes da exposição do Inpa, o estudante Antonio Freitas, saiu da exposição com um conhecimento a mais na bagagem sobre a leishmaniose. “Já tive um caso na família e vi o sofrimento do meu avô que teve a doença e sofreu muito durante o tratamento com aplicações injetáveis de remédio”, diz o estudante ao comentar que ficou surpreso por conhecer a nova metodologia do tratamento da doença por radiofrequência.
Simpósio
Nesta sexta-feira (10), o Inpa também participa do 1º Simpósio de Ajuda Humanitária e Desenvolvimento Sustentável do Alto Solimões. O evento acontece em Letícia (Colômbia) e reunie autoridades, pesquisadores, professores e alunos dos três países (Brasil, Peru e Colômbia) para discutir soluções viáveis para minimizar os problemas locais referentes à saúde e ao controle de endemias e catástrofes.
Amazonlog
O exercício militar multinacional acontece em Tabatinga e mobiliza cerca e duas mil pessoas de 23 países, entre participantes e observadores. Teve início na segunda-feira (6) e prossegue até domingo (13).
Para o General Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, comandante de Logística do Exército Brasileiro, é de fundamental importância ter o Inpa participando do Amazonlog, trazendo sua expertise para as comunidades de Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia do Norte e também para o mundo inteiro. “Esse intercâmbio com o Inpa é importante para transmitir nosso grau de conhecimento tecnológico sobre a região na área de biodiversidade, nutrição, saúde e nas diversas pesquisas que o Inpa desenvolve”, destaca o general.
Segundo o general Theophilo, hoje, o mundo globalizado exige que haja uma troca de informações entre os países seja com os Estados Unidos, com a Europa ou com outros continentes. “Algumas pessoas menos avisadas pensam que ao trazermos os Estados Unidos e outros países para cá estamos entregando a Amazônia para o domínio internacional. Não é isso”, rebate as críticas à presença norte-americana. “É melhor que eles estejam pesquisando conosco, mas não de maneira secreta ou sigilosa sem o nosso conhecimento”, completa o general.
Fonte: Inpa