Santa Catarina é um estado frequentemente atingido por tempestades severas, algumas vezes associadas a tornados, e sempre acompanhadas de chuva intensa, granizo e ventos fortes. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) participou, entre os dias 14 e 19 de novembro, de experimento para coleta de dados meteorológicos em Chapecó (SC).
“Eventos como o tornado de força 3 ocorrido em Xanxerê em 2015 impactam durante longos períodos os arranjos produtivos locais e a sociedade como um todo e, por isso, podem ser classificados como desastres socioambientais”, diz Dirceu Herdies, pesquisador do INPE que participou do experimento em Chapecó, realizado no âmbito do Projeto Sistema Integrado de Ferramentas de Análise e Previsão Hidrometeorológica (SIFAP-SC).
Segundo o pesquisador, tempestades destrutivas podem apresentar escala espacial da ordem de metros a poucos quilômetros e escala temporal em intervalos de menos de uma hora. “Nesse sentido, os serviços operacionais de monitoramento e os grupos de pesquisa ainda não dispõem das ferramentas adequadas às realidades locais, desde modelos numéricos de previsão de altíssima resolução a redes de dados observacionais com o adensamento espacial e a frequência temporal apropriados”, diz Herdies.
O SIFAP-SC é uma parceria entre a Defesa Civil do Estado de Santa Catarina com o Centro de Gestão, Desenvolvimento e Inovação (CGPDI), que conta com a participação de pesquisadores e estudantes do INPE, Instituto Federal de Educação de Santa Catarina (IFSC), Sistema Meteorológico do Paraná (SIMEPAR) e Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).
O projeto consiste de um conjunto de ações interdependentes, de interesse público, para elaboração de produtos voltados ao Estado de Santa Catarina, com o objetivo principal de atender a áreas estratégicas complementares no monitoramento e prevenção de eventos hidrometeorológicos extremos que afetam diretamente a população local.
Denominada “Experimento de Campo Valeri”, a campanha de coleta de dados realizada em Chapecó está associada às seguintes linhas de ação do projeto SIFAP-SC: “Ampliação e Fortalecimento da Rede Hidrometeorológica do Estado de SC” e “Uso de Radar Meteorológico para Previsão Numérica de Curto Prazo para o Estado de SC”.
Os dados meteorológicos de superfície e altitude foram coletados com a participação da Defesa Civil do Estado de Santa Catarina, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Instituto Federal de Educação de Santa Catarina (IFSC), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN).
“O objetivo desta ação integrada entre modelagem numérica, observações e análise objetiva das informações hidrometeorológicas é verificar o impacto de novas observações no sistema de assimilação de dados e, consequentemente, a previsão numérica de tempo para eventos de curto e curtíssimo prazo. Por isso, em uma abordagem científica torna-se fundamental o conhecimento das variabilidades locais dos parâmetros meteorológicos na camada que compreende a troposfera, para melhorar o entendimento de eventos naturais extremos, além do avanço científico do tema”, conclui o pesquisador do INPE.
Fonte: Inpe