Faz aproximadamente dez dias que grande parte dos Estados Unidos vivencia um frio intenso.
A expectativa é que cidades do noroeste do país, como Boston, sejam afetadas por intensas tempestades de neve que poderão causar cancelamento de voos e até cortes no fornecimento de energia elétrica.
No sul do país, a geada pode chegar até Orlando, com potencial para arruinar plantações de frutas cítricas, morangos e outros cultivos sensíveis ao frio.
As inusitadas temperaturas dos últimos dias provocaram comentários do presidente Donald Trump, que aproveitou a queda no termômetro para por novamente em dúvida a existência do aquecimento global.
“Esta pode ser a véspera de Ano Novo mais fria já registrada”, disse ele poucos dias antes da chegada de 2018.
“Quem sabe não seria bom um pouco desse velho aquecimento global, do qual o nosso país, mas não outros, ia pagar TRILHÕES DE DÓLARES para se proteger. Agasalhem-se!”, completou Trump, em referência à saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre Clima,
O tuíte provocou reações exaltadas de cientistas e meteorologistas, que apontam nele graves erros conceituais.
Erro de conceito
Segundo os especialistas, o principal problema é que Trump confunde dois conceitos: o de clima e o de tempo.
O tempo se refere às condições atmosféricas registradas em um período de tempo curto, como a frente polar que afeta atualmente os Estados Unidos e parte do Canadá.
O clima, por outro lado, é um panorama mais prolongado e completo dos padrões de tempo. Ele se refere às condições que prevalecem em uma região ou em toda a Terra, e pode ser estudado com uma análise das tendências históricas. Já o tempo varia no dia a dia.
Uma explicação didática
Em sua página na internet voltada para crianças, a Agência Espacial Americana (Nasa) dá um exemplo simples para deixar clara a diferença entre os dois conceitos: um dia chuvoso na cidade de Phoenix não muda o fato de que o Estado do Arizona tem uma clima seco.
A Nasa também explica que devemos esperar tempos frios mesmo que as temperaturas do planeta estejam aumentando de forma geral.
“O caminho até um mundo mais quente (mudança climática) terá muitos episódios de tempos extremamente quentes e extremamente frios”, diz o site da agência.
O que vai ocorrer a longo prazo é que, à medida que o mundo esquenta em função do aumento na emissão de gases do efeito estufa, os recordes de temperatura baixa continuarão a existir, mas se tornarão cada vez menos frequentes.
Clima mais quente no resto do mundo
Embora a frente polar na América do Norte tenha provocado tempo mais frio do que o esperado no fim de 2017 e início deste ano, na maior parte do mundo as temperaturas registradas foram mais altas que o normal para esta época do ano.
O tempo variou “entre bastante temperado e bastante quente, na comparação com o normal. E o registro de temperaturas mais quentes foi observado em ambos os polos”, afirmou o meteorologista da emissora de televisão americana NBC, John Morales.
“A única região que registrou temperaturas mais frias que a expectativa inicial foi a América do Norte.”
Fonte: BBC