Aumento de emissões de CO2 tornará arroz menos nutritivo, diz estudo

Aumento de emissões de CO2 tornará arroz menos nutritivo, diz estudo

Arrozais no Vietnã, e setembro de 2016 – AFP/Arquivos

A emissão crescente de dióxido de carbono na atmosfera está fazendo o arroz perder parte de seu valor nutricional, uma consequência potencialmente catastrófica para os milhões de pessoas na Ásia que têm neste cereal a base de sua dieta.

“Demonstramos que o aquecimento global, as alterações climáticas e especialmente os gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, podem afetar o conteúdo nutricional do que comemos”, disse Adam Drewnowski, professor de epidemiologia na Universidade de Washington e um dos autores do estudo, publicado nesta quarta-feira na revista Science Advances.

“O efeito poderia ser devastador nos países consumidores de arroz, onde cerca de 70% das calorias e a maioria dos nutrientes são provenientes” deste cereal, acrescenta.

Os países mais pobres como Birmânia, Laos e Camboja, estão ainda mais ameaçados.

O experimento consistiu em plantar 18 variedades diferentes de arroz em campos no Japão e na China, com algumas partes cercadas por um octógono plástico de 17 metros de altura, dentro do qual se aumentou a concentração de CO2 para simular as condições previstas para meados do século, ou seja, de 568 a 590 partes por milhão frente a 400 ppm atuais.

Como resultado, ferro, zinco, proteínas e vitaminas B1, B2, B5 e B9, que ajudam o corpo a converter os alimentos em energia, se reduziram em proporções distintas – uma queda de 10,3% nas proteínas, por exemplo.

Uma das razões, sugere o estudo, é que os maiores níveis de CO2 aumentam o conteúdo de carboidratos da planta durante a fotossíntese, reduzindo as proteínas e os minerais.

Outro estudo publicado no ano passado por investigadores da Universidade de Harvard concluiu que o aquecimento global poderia reduzir o volume de proteínas de muitos alimentos, inclusive o arroz, o trigo, a cevada e as batatas.

Ele alertou para o risco de que, em 2050, cerca de 150 milhões de pessoas a mais possa sofrer com deficiências de proteínas.

Fonte: AFP