O uso da ciência climática para auxiliar em políticas públicas de prevenção e mitigação de desastres naturais é debatido entre cientistas do Brasil e do Reino Unido em um encontro em Exeter, na Inglaterra. A discussão desta segunda-feira (25) integra o workshop anual do programa Climate Science for Services Partnership (CSSP), programa de pesquisa climática que visa desenvolver modelos científicos conjuntos para análise de mudanças climáticas.
Este acordo bilateral de parcerias científicas para estudos climáticos é financiado pelos governos do Reino Unido e do Brasil, por meio do Fundo Newton, em parceria entre o UK Met Office Hadley Centre e três institutos subordinados ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC): o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
O objetivo da reunião foi estudar os resultados dos programas de cooperação atuais, e investigar formas de integrá-los às decisões políticas para auxiliar no planejamento contra possíveis ocorrências de desastres naturais. Nos próximos dois dias, o workshop estudará como aperfeiçoar os modelos científicos existentes para análise de mudanças climáticas para contribuir com a prevenção e redução de desastres associados à influência humana sobre o clima.
“É essencial que os tomadores de decisão, do planejamento de contingência até os que respondem aos desastres sejam capazes de utilizar as melhores e mais robustas ferramentas científicas, e o CSSP Brasil está trabalhando para fornecer isso”, disse o diretor do Met Office Hadley Centre, o Prof. Albert Klein Tank.
O projeto está apoiando a Quarta Comunicação Nacional do Brasil para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. “As melhorias da compreensão do que gera ganhos e perdas de carbono no Brasil fornecerão evidências que sustentem os esforços em direção às metas do Acordo de Paris”, explica Tank.
Participaram da reunião em Exeter representantes de todos os parceiros citados: o diretor do UK Met Office Hadley, Professor Albert Klein-Tank, a supervisora de Meteorologia e Clima, também do UK Met Office Hadley, Dra. Kirstine Dale, o diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Dr. Osvaldo Luiz Leal de Moraes, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Luiz Renato França, e o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão.
De acordo com o diretor do Inpa, o evento de avaliação do projeto dá sequência aos workshops anteriores realizados no Brasil em 2015 (Inpe), 2016 (Inpa) e 2017 (Inpa e Cemaden). A “emblemática proposta” do projeto, segundo França, foi construída com “bastante esmero” pelo lado do Met Office/Reino Unido e pelo MCTIC do lado brasileiro, transformando-se em mais um grande projeto na área de mudanças climáticas (além do LBA, Atto, AmazonFace, Afex e NGEE) que conta com a participação e liderança do Inpa.
“O Met Office é uma instituição de referência mundial na área. Assim, reforçando o protagonismo do Inpa na Amazônia, neste momento final de gestão estamos com a bela sensação do dever cumprido”, destacou França.
Também participam do evento o pesquisador do Inpa Carlos Alberto Quesada, coordenador da Atto, AmazonFace e Afex, e o pesquisador Jochen Schongart, que tem participação ativa em vários importantes projetos no Inpa
O Fundo Newton, que financia o CSSP Brasil, tem como objetivo construir parceiras igualitárias em ciência e inovação e é administrado pelo Departamento de Negócios, Meio Ambiente e Estratégia do Reino Unido (BEIS). O evento em Exeter é parte do calendário do Ano Brasil-Reino Unido de Ciência e Inovação: uma oportunidade para que os países aprofundem seus laços em pesquisa e desenvolvimento ao longo de um ano de eventos, conferencias e workshops onde pesquisadores, organizações cientificas e centros de pesquisa podem estreitar parcerias. O calendário tem atividades nas áreas de Saúde & Ciências da Vida, Clima & Biodiversidade, Agricultura Sustentável e Energia.
Met Office Hadley Centre
O Met Office é o Serviço Nacional de Clima do Reino Unido que providencia excelência mundialmente renomada em tempo, clima e previsões ambientais, e alertas severos de clima para a proteção de vida e propriedade. www.metoffice.gov.uk. O Met Office Hadley Centre aconselha o governo do Reino Unido em pesquisas de mudanças climáticas. Seu trabalho é, em parte, conjuntamente patrocinado pelo Departamento para Meio-Ambiente, Comida e Relações Rurais.
Sobre o Newton Fund do governo do Reino Unido
O Newton Fund de £75 milhões no Brasil até 2021 é supervisionado pelo time Newton da Rede de Ciência e Inovação do governo do Reino Unido, baseado na Embaixada Britânica em Brasília e no Consulado Britânico em São Paulo. Esse fundo é parte de um investimento maior do governo do Reino Unido, de £735 milhões até 2021 em 18 países, com recursos compatíveis dos países parceiros. O objetivo do Newton Fund é construir parcerias iguais em ciência e inovação para apoiar o desenvolvimento econômico, bem-estar social e crescimento sustentável de longo termo. O Newton Fund é administrado pelo Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido, e entregue através de 15 colaboradores que incluem: United Kingdom Research and Innovation, the UK Academies, the British Council, Innovate UK e o UK Met Office. Para mais informações, visite o site do Newton Fund (www.newtonfund.ac.uk) e siga-nos pelo Twitter: @NewtonFund.
Sobre o Serviço de Parceria do Brasil/Reino Unido Newton Ciência Climática
Através de um programa compartilhado de pesquisa de ciência climática, a parceria tem como objetivo desenvolver capacidade em serviços climáticos para informar os tomadores de decisão do Brasil sobre mitigação de clima e estratégias de adaptação, apoiando o desenvolvimento econômico resistente de clima e tempo, e o bem-estar social.
Os objetivos abrangentes desse projeto são para melhorar:
• O apoio na capacidade de modelação climática no Brasil;
• Compreensão de mudanças climáticas recentes e o papel do Brasil em mitigação e orçamentos de carbono para informar negociações internacionais;
• Projeções dos futuros extremos e impactos, desde cronogramas sazonais a centenárias, para informar decisões e contribuir para a redução de riscos de desastres no Brasil.
Sobre o ano Brasil-Reino Unido de Ciência e Inovação
O Ano Brasil-Reino Unido de Ciência e Inovação 2018-2019 é uma iniciativa conjunta liderada pelos governos do Brasil e do Reino Unido. O programa do Ano oferece uma variedade de eventos em ambos os países. Destaques do Ano incluem diversas palestras de ganhadores britânicos do Prêmio Nobel, workshops científicos e seminários em inovação.
O Ano Brasil-Reino Unido de Ciência e Inovação é uma oportunidade para cientistas, empresários e empresas britânicas e brasileiras celebrarem o que a pesquisa conjunta já alcançou, e pensar em como trabalhar juntos frente aos futuros desafios globais.
Os quatro temas centrais do Ano Brasil-Reino Unido de Ciência e Inovação são:
- Saúde e Ciências da Vida,
- Clima e Biodiversidade
- Agricultura Sustentável, e
O Ano está fortemente relacionado à Estratégia Industrial lançada em novembro de 2017 pelo governo britânico, e seus “Quatro Grandes desafios”, especialmente o desafio de Crescimento com Baixo teor de Carbono (Clean Growth). O governo do Reino Unido oferece também diversas iniciativas de financiamento para projetos bilaterais ligados a questões climáticas, pesquisa, inovação e bem-estar econômico, incluindo nosso Fundo Internacional par o Clima, o Fundo para a Prosperidade e o Fundo Newton. Esses programas funcionam em estreita colaboração com suas instituições brasileiras parceiras.
Fonte: Inpa