No início da década de 1980, uma grande ameaça à vida no planeta Terra foi percebida — e erradicada — pela NASA. Enquanto levantávamos nossos cabelos usando sprays fixadores com clorofluorcarbonetos (CFCs), e usávamos geladeiras que liberavam CFC no ar, a camada de Ozônio da estratosfera, nossa única proteção em relação aos raios ultravioleta (UV) emitidos pelo sol, era severamente devastada.
O problema
Nós costumamos pensar que a NASA se limita a explorar o espaço, mas suas atribuições também incluem checar como vão as condições de vida na Terra. E em 1985, equipes de cientistas da NASA e da British Antarctic Survey descobriram um rombo na camada de Ozônio logo acima da Antártida. Comparando dados colhidos entre setembro e novembro de 1985 com a absorsão padrão da camada de ozônio, a proteção de porções do continente gelado chegava a ser 33% menor do que o esperado.
A molécula de CFC é um composto de carbonos com flúor e cloro. Quando as moléculas de CFCs estão dispersas na atmosfera, ao serem atingidas pela luz ultravioleta, liberam o átomo de cloro, responsável por transformar a molécula de ozônio (O³) em oxigênio (O²), inútil para barrar as radiações emitidas pelo sol. Um único átomo de cloro tem o poder de destruir mais de 100 mil moléculas de ozônio antes de se ligar a outros átomos e se tornar inerte. Como os átomos de cloro se tornam especialmente destrutivos em temperaturas frias, os polos da Terra são os pontos mais vulneráveis.
As bandas glam usaram tanto laquê na década de 1980 que a proteção contra os raios UV se danificou (Imagem: Reprodução / EMI Records)
Se as coisas continuassem como estavam, em 2020 haveria um buraco semelhante no outro polo do planeta, no Ártico. Em 2040, 70% da camada de ozônio teria desaparecido e, em 2050, seria a vez dos trópicos perderem a proteção. Em 2065, não seria possível colher alimentos do solo ou mesmo manter os rebanhos da pecuária vivos. Além disso, um passeio de 5 minutos em qualquer cidade mundial causaria queimaduras graves e as taxas de câncer seriam altíssimas. Não fosse o olho vivo da NASA, estaríamos todos mortos em 2065.
A solução
Apenas dois anos após a detecção dos problemas causados à camada de ozônio, em 1987, foi assinado o Protocolo de Montreal, que formulou políticas de diminuição das emissões de CFCs a serem seguidas pelas diversas nações do mundo. Na época, produtos que eram comercializados em formato de sprays ou aerosóis, além dos aparelhos refrigeradores, liberavam clorofluorcarbonetos na atmosfera.
Segundo Susan Strahan, hoje cientista sênior da NASA e, na época, pesquisadora-doutoranda sobre a questão do impacto dos CFCs no buraco da camada de ozônio também para a NASA, a grande sorte foi que os formuladores de políticas públicas internacionais deram ouvidos aos alertas dos cientistas na época. As consequências teriam sido horríveis se o Protocolo de Montreal não fosse pactuado a tempo. “Se todas essas emissões de raios ultravioletas chegassem à superfície, nós teríamos câncer de pele, poderíamos ter cataratas nos nossos olhos, inclusive nos animais, e as colheitas morreriam! Então a vida humana na terra realmente não seria possível. Soa como um filme desastroso de Hollywood, mas penso que poderíamos ter enfrentado consequências apocalípticas”, disse a pesquisadora.
Em 1996, os CFCs tiveram seu uso banido nos países mais desenvolvidos. O buraco na camada de ozônio está se recuperando lentamente, mas há esperanças de todo o dano causado pelos humanos ser mitigado até o final do século XXI. Nos salvamos, graças à NASA!
Fonte: Business Insider