Pesquisa da Unicamp cria tabela de aptidão do solo e selo verde para frear danos ambientais na expansão urbana

A pesquisadora Thaís Prado Avancini  (Foto:  Antoninho Perri – SEC – Unicamp)
A pesquisadora Thaís Prado Avancini (Foto: Antoninho Perri – SEC – Unicamp)

Uma pesquisa da Unicamp propõe uma tabela de aptidão do solo e um “selo verde” para os casos de processos de expansão urbana dos municípios. As duas ferramentas podem frear danos ao meio ambiente como redução de vazão dos rios e as perdas de solo e vegetação durante as obras em novos loteamentos.

De acordo com dados da Fundação Sistema de Análise de Dados (Seade), o estado de São Paulo tem hoje 96,42% de grau de urbanização.

O estudo também defende a criação de políticas públicas para incentivar os empreendedores a utilizar o ‘marketing verde’ nos futuros loteamentos.

Hoje, alguns municípios dão incentivos fiscais na construção de edifícios que não agridam o meio ambiente, mas esta prática não existe quando o assunto são os loteamentos residenciais ou industriais em áreas que antes eram rurais.

“Tem gente que tem vontade de morar em lugar comprometido ambientalmente. Isso implica numa mudança de paradigma muito importante”, afirma a pesquisadora Thaís Guarda Prado Avancini, que defendeu tese de doutorado sobre o assunto na Unicamp.

Aptidão do solo

A engenheira agrônoma adaptou um sistema de aptidão do solo na agricultura para loteamentos, como forma de aliviar os danos ambientais provocados pela retirada de terra para os empreendimentos.

“Eu usei muito a classificação que usamos na zona rural. Eu já forneço respostas para processos mitigadores de problemas”, aponta ela.

Um dos exemplos é diagnosticar a necessidade de manter o lote gramado enquanto se espera pela liberação para início das obras, entre outras práticas ambientais.

Estas respostas que podem ser em forma de um mapa facilitariam a visualização dos possíveis danos ambientais para quem loteia uma área, dando mais segurança para quem vai morar nela. Problemas ambientais podem refletir por anos, segundo a pesquisadora.

Desta forma, o solo ficaria apto para ‘transitar’ do rural para o urbano, segundo a pesquisa.

Sulcos de erosão em área de plantio devido à escolha de terreno declivoso para compensação ambiental (Foto: Thaís Prado Avancini/Arquivo pessoal)
Sulcos de erosão em área de plantio devido à escolha de terreno declivoso para compensação ambiental (Foto: Thaís Prado Avancini/Arquivo pessoal)

Selo verde

Para Thaís Avancini, o selo verde do solo – com pontuações definidas em ouro, prata, bronze e platina- pode ser usado principalmente nos loteamentos para criar um sistema ambiental conservacionista. O bom uso da terra também beneficiaria a água e a vegetação no entorno.

Antes de a urbanização ser aprovada pelos órgãos públicos, a terra precisaria ser analisada para uma visão ampla de quais são as características e as possibilidades de áreas de conservação ou de plantio compensatório, por exemplo.

“A minha intenção é que esse selo passe a nortear as próximas implantações”, afirma a pesquisadora.

O selo verde foi dividido em notas que vão de 25 a 80 para bronze, prata e ouro. Caso a classificação chegue a um número acima de 80 o loteamento ganha a nota platina, a maior. Veja abaixo:

Selo Verde

Nota Certificação
25 a 40 Bronze
41 a 60 Prata
61 a 80 Ouro
80 ou mais Platina

A engenheira agrônoma defendeu tese de doutorado na Unicamp com orientação do professor André Munhoz de Argollo Ferrão, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) e dados do Diagnóstico Agroambiental para Gestão dos Recursos Hídricos de Louveira, elaborado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Louveira (SP), segundo a Seade, está com 97,45% de grau de urbanização. A cidade saltou de 36,9 mil habitantes em 2010 para 46,2 neste ano.

O estudo da engenheira agrônoma analisou três loteamentos da cidade, mas os nomes deles não foram divulgados nem a classificação do selo verde.

Fonte:  Luciano Calafiori, G1