Um vulcão entrou em erupção nesta quarta-feira (03/10) na mesma ilha de Celebes, na Indonésia, atingida na semana passada por um terremoto seguido de tsunami que deixou mais de 1.400 mortos. Com isso, as autoridades elevaram o alerta na região para o nível 3 de uma escala de 4.
Localizado no norte da ilha, o vulcão Soputan emitiu uma enorme coluna de fumaça e cinzas que chegou a 6 mil metros de altura e se move em direção oeste. As autoridades da região estabeleceram um perímetro de segurança de ao menos quatro quilômetros ao redor da cratera.
Um vulcanologista do governo indonésio disse ser possível que a erupção tenha sido acelerada pelo terremoto de magnitude 7,5 que atingiu a região central da ilha na sexta-feira, a cerca de 600 quilômetros do monte Soputan, mas evitou cravar uma relação entre os dois fenômenos.
“Pode ser que o terremoto tenha desencadeado a erupção, mas temos visto um aumento na atividade vulcânica desde julho. Ainda não podemos dizer que existe uma ligação direta”, disse Kasbani, chefe da Agência de Mitigação de Desastres de Vulcanologia e Geologia do país.
Em entrevista à televisão local, o especialista, que usa apenas o nome Kasbani, informou que aviões já foram alertados para evitarem a área do vulcão, uma vez que cinzas vulcânicas trazem riscos para os motores de aeronaves.
O geólogo Danny Hilman Natawidjaja, do Instituto de Ciências da Indonésia, concordou que ainda não existem dados suficientes para comprovar uma ligação entre os dois acontecimentos. “Em teoria, as ondas sísmicas do terremoto poderiam aumentar a pressão na câmara de magma do vulcão e causar uma erupção, mas ainda não sabemos com certeza”, afirmou.
Os especialistas lembraram que a erupção do Soputan não é uma surpresa, já que a Indonésia está localizada no chamado “Círculo de fogo” do Pacífico – uma área onde há um grande número de terremotos e uma forte atividade vulcânica – e esse vulcão é um dos mais ativos da ilha.
O forte sismo da semana passada desencadeou um tsunami e devastou várias comunidades em Celebes, com a contagem de mortos aumentando progressivamente e ultrapassando 1.400 nesta quarta-feira, segundo dados oficiais. Outras milhares de pessoas estão feridas e mais de 70 mil tiveram de deixar suas casas.
O porta-voz da Agência Nacional de Controle de Desastres, Sutopo Purwo Nugroho, descartou que as cinzas vulcânicas do Soputan estejam se movendo em direção à cidade de Palu, capital da província de Celebes Central, onde ocorreu a maioria das mortes.
Segundo o funcionário, a fumaça está seguindo um outro curso e não corre o risco de afetar os trabalhos de resgate na região afetada, bem como atrapalhar os serviços aéreos que transportam ajuda e suprimentos para as vítimas do desastre.
Nugroho afirmou ainda que são falsos os vídeos compartilhados em redes sociais que mostram um rio de lava fumegante e pessoas fugindo de uma fumaça preta saindo de um vulcão. Segundo ele, até agora nenhuma lava foi emitida pelo Soputan, não há feridos ou mortos e não houve necessidade de qualquer evacuação por enquanto.
Caos e destruição
As autoridades indonésias correm contra o tempo para encontrar sobreviventes em meio ao caos e à destruição deixados pelo terremoto seguido de tsunami.
Uma equipe de socorristas da Cruz Vermelha local informou nesta quarta-feira que um povoado inteiro foi aniquilado pelo desastre de sexta-feira. Cerca de 500 pessoas viviam na pequena vila de Petobo, localizada entre a cidade litorânea de Palu e Sigi.
“Quando chegamos a Petobo, encontramos um lugar que foi apagado do mapa pelo poder do tsunami”, disse um representante do órgão que acompanhava a equipe de resgate.
O Escritório de Ajuda Humanitária das Nações Unidas anunciou, também nesta quarta-feira, que vai destinar 15 milhões de dólares para ajudar nas emergências dos afetados pelo terremoto e tsunami.
Segundo dados recentes da organização, 66 mil imóveis e uma quantidade considerável de infraestruturas básicas – como pontes e estradas – foi danificada ou destruída. Hospitais também foram afetados pelo desastre.
Fonte: Deutsche Welle