Depois de 85 anos sem grandes novidades na família dos Crocodylidae, pesquisadores estava estudando uma espécie ameaçada de extinção, os crocodilos-de-focinho-delgado, que vivem em habitats de água doce na África Central e Ocidental, quando descobriram que não se tratava de uma espécie, mas duas.
Quando os cientistas analisaram o DNA e as características físicas dos crocodilos na natureza e em cativeiro em seis países africanos, encontraram duas espécies distintas. Os cientistas estimam que apenas 10% dos crocodilos-de-focinho-delgado ocorrem na África Ocidental, diminuindo efetivamente sua população em 90%.
Descritos pela primeira vez em 1824, os crocodilos-de-focinho-delgado vivem em áreas muito remotas e têm pouca interação com as pessoas. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) os listou como “Criticamente Ameaçados” em 2014.
“Reconhecer o crocodilo de focinho fino como na verdade é composto por duas espécies diferentes é motivo de grande preocupação com a conservação”, disse Matthew Shirley, especialista do Instituto de Conservação Tropical da Universidade Internacional da Flórida e principal pesquisador da equipe. “Isso faz com que o crocodilo de focinho fino da África Ocidental seja uma das espécies de crocodilos mais criticamente ameaçadas do mundo.”
Eles se camuflam para caçar e buscam refúgio de predadores em potencial em corpos de água altamente vegetados. Também são incrivelmente tímidos, o que significa que encontrar crocodilos para examinar e coletar amostras de DNA na natureza tem sido um desafio. A ameaça se dá pela perda de habitat, caça e pesca excessiva – o que diminui seu suprimento de comida e os leva a se afogar em redes.
O futuro do crocodilo-de-focinho-delgado da África Ocidental provavelmente dependerá do sucesso dos programas de reprodução e reintrodução em cativeiro, de acordo com os pesquisadores.”Esperamos que este melhor entendimento da evolução e da taxonomia dos focinhos delineados atraia a atenção necessária para a situação desta espécie, que há muito tempo é reconhecida como o crocodiliano menos conhecido do mundo”, disse Shirley.
Fonte: Revista Galileu