O mundo perdeu mais da metade de seus vertebrados nos últimos 50 anos

O Tatu-bola (Tolipeutes tricinctus) é uma das espécies brasileiras em perigo de extinção em função da perda de seu ambiente natural. (Foto: Liana Mara Mendes de Senna / ICMBio)
O TATU-BOLA (TOLIPEUTES TRICINCTUS) É UMA DAS ESPÉCIES BRASILEIRAS EM PERIGO DE EXTINÇÃO EM FUNÇÃO DA PERDA DE SEU AMBIENTE NATURAL. (FOTO: LIANA MARA MENDES DE SENNA / ICMBIO)

Oequivalente a 40% de todos os peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis que perambulavam por algum canto do planeta em 1970 está vivo hoje. O dado foi apresentado no Relatório Planeta Vivo 2018, divulgado nesta terça-feira (30).

Publicado a cada dois anos pela organização não-governamental World Wide Fund for Nature (WWF) desde 1998, o documento reúne o trabalho de mais de 50 especialistas acadêmicos e governamentais e de entidades de desenvolvimento internacional e conservação no acompanhamento da situação da biodiversidade global.

O levantamento é claro: a atividade humana não sustentável está levando os sistemas naturais do planeta ao limite. O consumo humano descontrolado fez a Pegada Ecológica – um indicador do consumo de recursos naturais – aumentar cerca de 190% nos últimos 50 anos.

“A ciência está mostrando a dura realidade que nossas florestas, oceanos e rios estão sofrendo em nossas mãos”, disse Marco Lambertini, diretor-geral do WWF Internacional. “Centímetro por centímetro, espécie por espécie, a redução do número de animais e locais selvagens é um indicador do tremendo impacto e pressão que estamos exercendo sobre o planeta, esgarçando o tecido vivo que nos sustenta: a natureza e a biodiversidade.”

A situação é ainda mais dramática nas Américas Central e do Sul, com 89% menos animais vivos que em 1970. A principal causa da perda de espécies é o desmatamento e, no caso do Brasil, o fato de ser a maior fronteira de desmatamento do mundo – mais de 1,4 milhões de hectares de vegetação natural são perdidos por ano. Nos últimos 50 anos, 20% da  Amazônia já desapareceu.

A mudança de uso do solo, em especial o desmatamento, é um dos principais fatores de emissão de gases de efeito estufa do Brasil. Entre 1990 e 2013, a mudança de uso do solo foi responsável por 62,1% do total de emissões do país, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

De acordo com o documento, toda atividade econômica depende, em última instância, dos serviços prestados pela natureza. Estima-se que, globalmente, a natureza forneça serviços no valor de US$ 125 trilhões por ano.

“Tudo está diretamente conectado. Dos insetos e pássaros que polinizam as lavouras que nos alimentam, passando pelo suprimento de água limpa da qual dependem todas as nossas atividades até o ar que respiramos a cada segundo”, afirma Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil. “A proteção das florestas, dos recursos hídricos, da biodiversidade é também a proteção das pessoas e da nossa sociedade. Comprometer o meio ambiente é comprometer o nosso futuro.”

Fonte: Revista Galileu