Um urso-pardo solto nos Pirineus franceses, uma área montanhosa na fronteira da França, matou oito ovelhas no país vizinho, a Espanha.
As mortes fizeram com que autoridades dos dois países ficassem em alerta.
Claverina, um urso-pardo fêmea, está agora perambulando pelas montanhas de Navarra, depois de cruzar a fronteira de Bearne, no sudoeste da França.
Autoridades ambientais espanholas estão se reunindo com colegas franceses para buscar alternativas para encontrar o animal.
Funcionários dos dois governos já colocaram dispositivos de rastreamento em algumas ovelhas que poderiam virar alvo do urso – também há planos para usar cães de guarda na busca.
Tentativa de repovoamento
Claverina e outra fêmea, Sorita, são oriundas da Eslovênia.
Elas foram reintroduzidas na natureza em Bearne em outubro passado, porque a população de ursos daquela região é pequena – há apenas dois outros animais, ambos do sexo masculino.
A ação foi controversa: houve protestos de alguns agricultores na França e na Espanha diante do risco de perderem suas ovelhas.
Os alpes da Eslovênia têm mais de 500 ursos-pardos. O país está ajudando a Agência Nacional de Caça e Vida Selvagem da França (ONCFS) a reintroduzir os mamíferos na região dos Pireneus – a caça diminuiu o número de ursos da região consideravelmente.
Um censo realizado no ano passado encontrou 40 ursos-pardos em outros pontos dos Pireneus franceses.
Sorita, a companheira de Claverina, da Eslovênia, deu à luz dois filhotes no inverno, informou a agência de notícias AFP. A notícia veio a público depois que os ursos saíram da hibernação.
Testes de DNA mostraram que Claverina e Sorita não são da mesma família – um fator importante no projeto para restaurar a população de ursos.
Ambos os ursos adultos têm dispositivos de rastreamento: eles indicaram que Claverina era muito mais aventureira do que Sorita, que ficou nas altas montanhas no lado francês dos Pireneus.
As autoridades espanholas querem que a França compartilhe os dados dos rastreadores para que os pastores de Navarra possam acompanhar os movimentos dos ursos. Atualmente, eles só descobrem a localização de Claverina com várias horas de atraso.
Segundo a ONCFS, agência francesa de caça e vida selvagem, o raio de movimentação de um típico urso-pardo fêmea é de cerca de 100 km², o que representa apenas um décimo do tamanho de um macho adulto.
A mídia espanhola diz que Claverina atacou sete vezes na área de Navarra: três ataques ocorreram no início de maio e quatro em novembro do ano passado, antes de ela hibernar. Oito ovelhas morreram.
Fome antes da hibernação
Especialista em ursos-pardos, Guillermo Palomero afirma que o verão seco na Espanha deixou as duas ursas com poucas nozes e bolotas (frutos do carvalho) para comer antes da hibernação, apesar de Sorita ter encontrado mais tarde uma árvore com muitas unidades. Ele disse que Claverina começou a atacar ovelhas “para armazenar a gordura que ela precisava” para o inverno.
Recentemente, as autoridades de Navarra deram a pastores 18 dispositivos de geolocalização para suas ovelhas, e um total de 34 serão implantados no total. A ideia é alertar os pastores se seus rebanhos começarem a agir de maneira estranha.
Os fazendeiros da região também estão comprando cães de caça para evitar a presença dos ursos.
Outra medida defensiva é usar compartimentos móveis especiais – eles conseguem “trancar” as ovelhas e impedir a entrada de animais externos. No entanto, pastores de Navarra tradicionalmente deixam seus rebanhos vagar livremente na primavera e no verão.
Reportagem do jornal espanhol El País mostrou que criadores de ovelhas nas vizinhanças de Aragão e da Catalunha também estão em alerta pela presença de ursos na área.
Além dos ursos-pardos vindos da França, a Espanha tem outros 300 animais em suas montanhas do norte da Cantábria.
Fonte: BBC