Desmatamento na Amazônia cresce 13,7% entre 2017 e 2018, dizem ministérios

Por Carolina Dantas, G1

Vista aérea da floresta Amazônia na região dos arredores do rio Guaporé — Foto: André Edouard/Arquivo/AFP
Vista aérea da floresta Amazônia na região dos arredores do rio Guaporé — Foto: André Edouard/Arquivo/AFP

O desmatamento na Amazônia cresceu 13,7% entre agosto de 2017 e julho de 2018, de acordo com nota conjunta divulgada nesta sexta-feira (23) pelos ministérios do Meio Ambiente e Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. A área desmatada é de 7.900 km², contra 6.947 km² perdidos no mesmo período dos anos anteriores.

A taxa preliminar foi obtida pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ela é criada por meio de imagens de satélite que registram e quantificam as áreas desmatadas maiores que 6,25 hectares. O levantamento usa apenas dados de quando há remoção completa da cobertura florestal por corte raso.

O desmatamento registrado é o maior desde 2008, quando a área desmatada de floresta foi de 12.911 km². Veja no gráfico abaixo:

Taxa de desmatamento da Amazônia desde 2000

Taxa de desmatamento da Amazônia desde 2000
Fonte: PRODES

Em nota, o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, disse que “o recrudescimento do crime organizado que atua no desmatamento ilegal da Amazônia, destruindo as riquezas naturais do país e causando danos para toda sociedade, está associado a outras práticas criminosas, como tráfico de armas e animais, trabalho escravo, evasão de divisas e lavagem de dinheiro”.

Os estados do Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas são os que têm a maior área de perda da floresta. O Acre é o estado onde mais cresceu o desmatamento: 82,9% em relação ao mesmo período analisado anteriormente.

Taxa de desmatamento por estado do Brasil em 2017/2018

Taxa de desmatamento por estado do Brasil em 2017/2018
Fonte: PRODES

O Observatório do Clima avalia que essa alta na taxa de desmatamento não é surpreendente, e “acontece apesar dos esforços do Ministério do Meio Ambiente de intensificar o combate aos crimes ambientais na Amazônia. É provavelmente fruto de uma série de circunstâncias climáticas e cambiais – o dólar alto eleva os preços dos produtos agrícolas e estimula a devastação”.

A organização também disse que “ao longo do último ano, o Palácio do Planalto e governos estaduais fizeram uma série de acenos à bancada ruralista, como a anistia à grilagem de terras, assinada pelo Presidente da República em julho de 2017 (pouco antes de começar a contagem dos dados de 2018)”.

Emissões em 2017

No ano passado, a taxa de emissões dos gases do efeito estufa caiu 2,3%. De acordo com Carlos Rittl, do Observatório do Clima, isso se deve à queda de 16% na taxa de desmatamento registrada entre agosto de 2016 e julho de 2017. A mudança no uso da terra, indicador ligado à perda das florestas, é a principal causa para uma alta das emissões brasileiras.

“A principal fonte das emissões, historicamente aqui no Brasil, ainda é o desmatamento, principalmente na Amazônia. Mas não é pequena a contribuição do desmatamento no Cerrado, onde a gente destrói mais floresta do que na Amazônia”, disse Rittl.