O tsunami que atingiu a Indonésia neste fim de semana matou mais de 200 pessoas e deixou mais de 800 feridas, além de vários desaparecidos. Especialistas ainda tentam determinar com exatidão o que provocou as ondas devastadoras, uma vez que não houve fortes terremotos.
A principal aposta, contudo, são atividades vulcânicas provenientes do vulcão Anak Krakatau, localizado em uma ilha próximo aos locais devastados, no estreito de Sunda. Segundo o geofísico alemão Jörn Lauterjung, esse tipo de tsunami é mais raro e, por isso, difícil de prever.
DW: O que pode ter causado o tsunami que assolou o estreito de Sunda, a cerca de 100 quilômetros da capital da Indonésia, Jacarta?
Jörn Lauterjung: Muito provavelmente o tsunami foi desencadeado pela erupção do vulcão Anak Krakatau. Embora nós tenhamos medido previamente atividades vulcânicas e também sísmicas. Mas prever que elas vão levar a um tsunami é algo muito difícil de se alcançar.
Por que o sistema de alerta prévio não funcionou?
O sistema de alerta se concentra em terremotos. Pela simples razão de que 90% de todos os tsunamis que observamos são desencadeados por fortes terremotos com magnitude de 6,5 a 7, ou até mais. Em casos de atividades sísmicas menores, como as que nós medimos desta vez, o sistema de alertas não é ativado. Caso contrário haveria muitos alarmes falsos, já que atividades sísmicas mais fracas normalmente não desencadeiam tsunamis.
Você diria que, depois do desastre na Indonésia, esse limite de magnitude 6,5 deveria ser diminuído?
Não, isso não faz sentido algum. Porque nós medimos atividades sísmicas de magnitude de 4 a 5 quase diariamente na Indonésia, e isso levaria a muitos alarmes falsos. Como eu disse, quase todos os tsunamis que analisamos são desencadeados por fortes terremotos, e apenas 10%, por atividades vulcânicas ou deslizamentos de terra. É por isso que definimos um limite tão alto.
É possível que novos tsunamis aconteçam nos próximos dias?
Não, eu não acredito nisso.
O que você aconselha à população local?
Essa é uma pergunta difícil de responder. Quase três meses atrás, em 28 de setembro, um tsunami em Celebes deixou mais de 2 mil vítimas – um tsunami desencadeado por deslizamento de terra. Ou seja, nos próximos meses ou anos o que podemos fazer é explicar muito às pessoas para aumentar o conhecimento delas. Para que elas entendam que casos como esse podem acontecer de novo e de novo. Que não há 100% de certeza, nem mesmo quando há sistemas de alerta.
Você conclui que catástrofes como essas não podem ser evitadas no futuro?
O sistema de alerta prévio nunca teve essa intenção. Está claro que eventos catastróficos com mortos e feridos podem sempre acontecer de novo. Um sistema de alerta tenta minimizar os danos ou o desastre. Mas nunca vamos evitá-lo.
Fonte: Deutsche Welle