Uma barragem da Vale se rompeu nesta sexta-feira (25/01) em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Um mar de lama destruiu diversas casas na região. Ao menos sete pessoas ficaram feridas, sete morreram, e, segundo o Corpo de Bombeiros, mais de 200 estão desaparecidas.
O rompimento ocorreu na Mina Córrego do Feijão. O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e a Defesa Civil municipal foram mobilizados para o local. Em comunicado, a Vale afirmou que foi ativado um plano de emergência.
“As primeiras informações indicam que os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. A Vale acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens”, disse a mineradora. A empresa destacou que a prioridade é preservar e proteger “a vida de empregados e de integrantes da comunidade”.
As causas do rompimento são desconhecidas. A Vale disse que havia 427 funcionários na área que foi atingida e 279 foram resgatados com vida. Mais de 100 funcionários da mineradora estão desaparecidos, a maioria estava no momento do desastre no restaurante, que foi soterrado.
Quase 100 bombeiros trabalham no local em busca de vítimas. Mais 200 devem integrar a equipe de resgaste nas próximas horas.
Em entrevista coletiva, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que no momento do desastre havia 300 funcionários no local atingido e 100 foram encontrados com vidas. “Dessa vez é uma tragédia humana. Porque estamos falando de uma quantidade grande de vítimas. Possivelmente, o dano ambiental é menor”, disse.
Schvartsman afirmou ainda que uma barragem rompeu e outras duas que estavam abaixo desta transbordaram. Ao todo, 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos vazaram. Ele destacou que a barragem que se rompeu estava inativa e disse que ela era antiga e resistente.
Construída em 1976, a barragem que se rompeu fica na Mina Córrego do Feijão e tem um volume de 12,7 milhões de metros cúbicos. Segundo o site da Vale, ela não estaria mais recebendo rejeitos desde 2014 devido a uma mudança no processo de beneficiamento do minério.
A Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais disse que tanto a mina quanto a barragem estão devidamente licenciadas e destacou que a estabilidade da barragem foi garantida por um auditor em agosto de 2018. Schvartsman disse que a auditoria foi feita pela empresa alemã TÜV-SÜD.
As sirenes de alerta não teriam tocado. O presidente da Vale não soube confirmar essa informação e disse que tudo ocorreu muito rápido.
A Agência Nacional das Águas (ANA) informou que o mar de lama deve ser amortecido pela barragem da usina hidrelétrica Retiro Baixo, localizada a 220 quilômetros do local do rompimento. A onda de rejeitos deve chegar a esse ponto em dois dias.
Nas redes sociais, a prefeitura de Brumadinho e de outras cinco cidades na região emitiram alertas para que a população fique longe do rio Paraopeba. Moradores da parte baixa de Brumadinho estão sendo retirados de suas casas. O Instituto Inhotim também foi esvaziado por precaução.
Em sua conta no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro disse que enviou dois ministros para acompanhar o caso de perto. “Lamento o ocorrido em Brumadinho-MG. Determinei o deslocamento dos ministros do Desenvolvimento Regional e Minas e Energia, bem como nosso Secretario Nacional de Defesa Civil para a região”, afirmou.
Num breve pronunciamento, Bolsonaro anunciou que vai sobrevoar a região atingida junto com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, para avaliar os danos e decidir as medidas necessárias “para minorar o sofrimento de familiares e possíveis vítimas, bem como a questão ambiental”.
O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que o governo não pode ser culpado pelo desastre. “É uma empresa privada, a Vale é uma empresa privada. Tem que apurar o que houve. Era considerada a barragem de menor grau de risco”, destacou.
caso aconteceu três anos após o rompimento de outra barragem no mesmo estado, na cidade de Mariana, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton. A tragédia foi considerada a maior catástrofe ambiental da história do Brasil, com vazamento de resíduos minerais e um saldo de 19 mortes.
Em 5 de novembro de 2015, o mar de lama com rejeito de minério se espalhou por 650 quilômetros e varreu o distrito de Bento Rodrigues. Os moradores aguardam até hoje a reconstrução de suas casas. A recuperação ambiental da região atingida também vai a passos lentos.
O desastre levou a Samarco, a Vale e a BHP Billiton ao banco dos réus. As mineradoras respondem na Justiça por homicídio e crime ambiental.
Fonte: Deutsche Welle