A Justiça de Minas Gerais determinou um novo bloqueio de recursos da mineradora Vale após o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério em Brumadinho. O valor total de valores bloqueados da empresa para garantir o ressarcimento de danos causados e para indenizar vítimas já chega a 11 bilhões de reais . Até o momento, a contagem oficial de mortos na tragédia chega a 37. Pelo menos 287 pessoas seguem desaparecidas.
O último pedido de bloqueio de valores foi apresentado pelo Ministério Público de Minas Gerais no sábado (26/01) e indicou o valor de 5 bilhões de reais. No mesmo dia, a Justiça já havia autorizado outros dois bloqueios, de 5 bilhões e 1 bilhão de reais. Além disso, o Ibama multou a Vale em 250 milhões de reais.
No último pedido apresentado no sábado, o MP-MG destacou que além de danos materiais, as vítimas da tragédia sofreram “evidentes e notórios os danos morais, psicológicos, emocionais, comunitários, de saúde e culturais”.
De acordo com os autores do pedido, a mineradora obteve proveito econômico da exploração na região e têm que arcar com o ônus do desastre. No pedido, eles apontam que apenas no 3º trimestre de 2018 a Vale obteve lucro líquido recorrente de 8,3 bilhões de reais e, diante do rompimento da barragem, é fundamental que tais valores não sejam distribuídos entre os acionistas e investidores da empresa, mas sim revertidos para as medidas de recuperação ambiental e reparação dos danos.
Buscas são retomadas
As buscas por desaparecidos chegaram a ser interrompidas neste domingo após um alerta apontar risco de rompimento de outra barragem da região. Por volta de 5h30, sirenes chegaram a ser acionadas para indicar o risco iminente de rompimento da Barragem B6.
Essa estrutura foi afetada pelo acidente da Barragem 1 da mina do Córrego do Feijão, que rompeu na sexta-feira, liberando 12 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos minerais e deixando um rastro de destruição em instalações da Vale e em uma comunidade de Brumadinho. A lama e os rejeitos também atingiram o rio Paraopeba.
Após ordenarem a evacuação de moradores da região e interromperem as buscas, os bombeiros concluíram que o risco havia diminuído e retomaram os trabalhos.
Dos 37 mortos já localizados, 16 foram identificados. Um ônibus com dez corpos foi localizado na área da barragem. A maior parte das vítimas até agora é composta por funcionários ou terceirizados da Vale.
Também neste domingo, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a chegada de 140 pessoas e 16 toneladas de equipamentos enviados pelo governo israelense para auxiliar nas buscas. Bolsonaro sobrevoou a região da barragem no sábado.
Oficialmente, a barragem que rompeu não recebia novos rejeitos há três anos e estava em processo de desativação. A estrutura foi construída em 1976 pela antiga mineradora Ferteco Mineração, que já foi a terceira maior companhia produtora de minério de ferro do Brasil e pertenceu ao grupo alemão ThyssenKrupp. A barragem e a mina passaram para a Vale em 2001, quando a Ferteco foi vendida. Em junho e setembro do ano passado, a barragem foi vistoriada pela empresa certificadora alemã TÜV SÜD, que atestou que a estrutura era estável.
Fonte: Deutsche Welle