Quem visitou o Palácio Sanssouci entre julho e novembro do ano passado pode observar que a atração turística mais famosa de Potsdam, nos arredores de Berlim, ganhou um toque que deixou sua paisagem muito mais bucólica. Cerca de 50 ovelhas estavam morando nos jardins reais.
A inserção das ovelhas nesse cenário não tem nenhuma relação com a indústria turística. Os animais têm uma função nobre: cuidar do gramado do palácio. Essa missão faz parte de um projeto de pesquisa sobre biodiversidade e administração campestre realizado pela Universidade de Potsdam.
Durante cinco anos, os pesquisadores pretendem analisar se esse meio ecológico de cuidar da grama contribui para aumentar a biodiversidade nas áreas destinadas à pastagem. Os cientistas acreditam nesse aumento devido ao fato de que, ao andar sobre a céspede, as ovelhas tendem a deixá-la mais afrouxada, possibilitando assim a germinação de um número maior de sementes. Por consequência, uma maior variedade de espécies de plantas costuma atrair também mais insetos e fungos.
Como só pastam determinadas espécies, as ovelhas não deverão substituir completamente os cortadores de grama, mas podem reduzir seu uso. Esse também é um aspecto que será analisado. Outro foco do estudo é como turistas reagem às novas moradoras do parque e se eles conhecem a função ecológica do uso das ovelhas na jardinagem.
Esta não é a primeira vez que ovelhas são usadas no Palácio Sanssouci para cuidar do gramado. Frederico, o Grande, idealizador do castelo, foi o primeiro a empregar essa técnica. No século 18, essa era uma das poucas opções existentes para manter a grama sob controle.
Em meados da década de 1980, as ovelhas voltaram por curto tempo ao palácio, que ficava na antiga República Democrática Alemã (RDA) após a divisão do país. Nessa época, elas também tinham a função de jardineiras.
No experimento atual, elas devem voltar aos gramados do palácio até meados deste ano para mais uma temporada de jardinagem. Até lá, a área de pastagem está ocupada pelos pesquisadores do projeto, que estão colhendo dados sobre mudanças na biodiversidade que ocorreram em relação ao início do estudo.
Fonte: Clarissa Neher – Deutsche Welle