Centenas de milhares de jovens ativistas do clima se manifestaram por todo o planeta nesta sexta-feira (24/05), como parte dos protestos mundiais reivindicando ação contra o aquecimento global do movimento “Fridays for Future” (ou Greve pelo Futuro, como vem sendo chamado no Brasil).
Na Europa, de Lisboa a Oslo, crianças e jovens “mataram aula” para protestar contra a perspectiva de herdar um planeta com calotas polares se derretendo, e tempestades, enchentes e secas cada vez piores.
Como explicou um dos manifestantes da Alemanha, “os estudantes se dão conta de que não faz sentido ir à aula se não têm um futuro”. Apenas nesse país, “320 mil pessoas se reuniram nas ruas para a #GreveDoClima de hoje – nossa maior greve até o momento!”, escreveu no Twitter o grupo Fridays for Future.
“Vocês estão ficando sem desculpas, nós estamos ficando sem tempo”, dizia uma mensagem dirigida aos políticos em Berlim, enquanto outra questionava: “O clima está mudando, por que nós não estamos?”
No icônico Portão de Brandemburgo, cerca de 15 mil gritaram: “O que a gente quer? Justiça climática! Quando a gente quer? Agora!” Um adolescente escreveu em sua faixa: “Clima agora, trabalho de casa depois!” e “Não existe um Planeta B” – um slogan visto em diversas cidades, como, por exemplo, Istambul.
Os protestos ocorrem em meio às eleições para o Parlamento Europeu, que se realizam nos diferentes países membros da União Europeia de 23 a 26 de maio. Um faixa em Freiburg, no sul da Alemanha, explicitava a relação: “Eleição na Europa = Escolha do clima”.
Em Varsóvia, cerca de mil estudantes se deitaram por algum tempo num cruzamento importante, fazendo-se de mortos, “simbolizando o que vai nos acontecer no futuro”, como explicou um dos organizadores.
“Estamos todos no mesmo barco”, lia-se numa faixa em Madri, expressando os sentimentos dos jovens que protestavam num total de mais de 120 países.
Em Londres, reunidos na Parliament Square, os estudantes exigiram reformas do currículo escolar para incluir mais material sobre as mudanças climáticas, sob o slogan “Ensinem o futuro”.
Em Paris, a marcha reuniu pelo menos 15 mil ativistas, alguns portando os dizeres “Je suis climat” (Eu sou clima). Cem deles adentraram uma subprefeitura levando faixas que exigiam “Temos que abandonar os combustíveis fósseis, não subvencionar”.
A iniciadora do movimento, a estudantes sueca Greta Thunberg, de 16 anos, falou em Estocolmo diante de um público de 4 mil: “Vamos ter uma crise existencial se não cortarmos pela metade nossas emissões de CO2 dentro de 20 anos. Estamos iniciando uma reação em cadeia fora do controle da humanidade. O tempo está acabando.”
Entre outras palavras de ordem, seus seguidores entoavam: “Os oceanos estão se levantando, e nós também”. A multidão aplaudiu ao chegarem notícias de que Bermuda, Jordânia e Serra Leoa estavam entre as novas adições aos protestos globais.
Parte das mensagens divulgadas nos protestos abordou a grave questão climática de forma bem-humorada. Como o cartaz em Oslo, segundo o qual “em breve a Terra vai estar mais quente do que um jovem Leonardo di Caprio”.
Em Montpellier, no Sul da França, vários jovens foram às ruas trajando apenas roupa de baixo e folhas de parreira, com os dizeres “O chaud não deve continuar” – num trocadilho entre “show” e a palavra francesa para “quente”. Em Turim, um cartaz mostrava o presidente americano, Donald Trump, com água até o peito.
Numa alusão ao famigerado slogan republicano das últimas eleições presidenciais americanas, manifestantes da Alemanha reivindicaram “Make the world cool again” (Faça o mundo fresco / legal de novo”) e “The snow must go on!” (A neve tem que continuar). Outro cartaz advertia os adultos: “Se não nos levarem a sério, vamos cortar a aposentadoria de vocês”.
A União Europeia e seus atuais 28 Estados-membros comprometeram-se em 2015, no Acordo do Clima de Paris, a limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Para tal, as emissões de gases do efeito estufa deveriam reduzir-se até 2030, no mínimo, em 40% em relação a 1990.
Segundo diversos cientistas e ambientalistas, contudo, a Europa e todas as grandes economias precisam ampliar significativamente suas ambições. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU alertou em outubro de 2018 que o aquecimento está atualmente se encaminhando para um catastrófico incremento de 3ºC a 4ºC.
Fonte: Deutsche Welle