A velocidade de movimentação do talude norte, na cava da Mina Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, aumentou para 21,5 centímetros por dia em alguns pontos, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM). Às 17h desta segunda-feira (27), o órgão informou que, na parte inferior do paredão, a movimentação da estrutura era de 18 cm ao dia.
No início da tarde, a velocidade máxima de movimentação era de 21 cm por dia e, na parte inferior da estrutura, essa velocidade era de 17,5 cm ao dia.
O pior cenário, de acordo com a Defesa Civil, é que a vibração causada pelo colapso iminente do paredão provoque o rompimento da Barragem Sul Superior, que está em nível alerta máximo. Há, porém, a possibilidade de haver um carreamento de terra para dentro da cava, evitando assim um rompimento brusco.
“Ela pode continuar só escorregando e então não teria queda. É uma possibilidade”, disse o diretor da ANM, Eduardo Leão.
Veja áreas que podem ser atingidas e onde população pode se refugiar em caso de rompimento de barragem em Barão de Cocais — Foto: Arte: Juliane Monteiro e Diana Yukari/G1
A Defesa Civil também confirmou que esta seria a hipótese menos grave. “Dentro dessas possibilidades, porque a gente não tem a estimativa do que vai acontecer, até mesmo com esse escorregamento dessa porção do talude para o fundo da cava”, disse o major Eduardo Lopes.
A movimentação do talude foi identificada em 2012 e, até os últimos meses, ela era de 10 cm por ano.
Em um documento enviado ao Ministério Público de Minas Geraispela Vale, a engenheira geotécnica Rafaela Baldi explica por que o talude está se movimentando. “É comum que parte do talude que fica mais no alto se desprenda. O talude está ‘pelado’, foi escavado e está solto, lá em cima. Com as vibrações típicas da atividade minerária, esta estrutura vai se desestabilizando e pode cair sobre a cava. Mas, pelo alerta feito, deve ter um problema geológico na área a ser considerado”, concluiu.
Em nota, a Vale informou que “adotou todas as medidas preventivas em Barão de Cocais, desde o dia 8 de fevereiro, com o objetivo de assegurar a segurança dos moradores da região”. A mineradora afirmou também que “tanto o talude da mina de Gongo Soco como a Barragem Sul Superior estão sendo monitorados 24 horas por dia e as previsões sobre deslocamento de parte do talude, revistas diariamente”.
Talude pode se romper a qualquer momento em mina da Vale, em Barão de Cocais — Foto: Reprodução/TV Globo
Dam break
Um estudo apresentado pela Vale ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com o pior cenário possível para o caso de a barragem Sul Superior se romper mostra provável “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas” com mortes, especialmente no distrito de Socorro e nas cidades de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.
A descrição do potencial de inundação caso a barragem se rompa apresenta ainda a possibilidade de problemas relacionados ao abastecimento de água, impactos em área de preservação permanente, nas faixas marginais ao leito dos cursos de água, danos estruturais nos acessos locais de terra, rodovias e fornecimento de energia elétrica.
Fonte: G1