A ONU lançou nesta semana a ‘Iniciativa Ar Limpo’, que chama governos nacionais e subnacionais a comprometer-se em alcançar uma qualidade do ar segura para os cidadãos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano, a poluição do ar causa 7 milhões de mortes prematuras.
O cumprimento do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas poderia salvar mais de 1 milhão de vidas por ano até 2050. No marco dos esforços para alcançar as metas do acordo, a redução da poluição do ar, por si só, geraria benefícios de saúde estimados em 54,1 trilhões de dólares.
Em preparação para a Cúpula de Ação Climática de 2019, a ONU, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e a Coalizão Clima e Ar Limpo anunciaram na terça-feira (23) uma nova inciativa para mobilizar países a combater a poluição do ar e o aquecimento global.
A Iniciativa Ar Limpo chama governos nacionais e subnacionais a comprometer-se em alcançar uma qualidade do ar que seja segura para os cidadãos. O projeto também convoca os governos a alinhar as suas políticas de mudanças climáticas e de poluição do ar até 2030.
De acordo com a OMS, a cada ano, a poluição do ar causa 7 milhões de mortes prematuras. Desses óbitos, 600 mil são de crianças. Segundo o Banco Mundial, a poluição do ar custa à economia global estimados 5,11 trilhões de dólares em perdas sociais. Nos 15 países com os maiores volumes de emissões de gases do efeito estufa, os impactos de saúde da poluição do ar são estimados a um custo de mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB).
O cumprimento do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas poderia salvar mais de 1 milhão de vidas por ano até 2050. No marco dos esforços para alcançar as metas do acordo, a redução da poluição do ar, por si só, geraria benefícios de saúde estimados em 54,1 trilhões de dólares — o que equivale aproximadamente ao dobro das despesas com mitigação.
Governos em todos os níveis podem aderir à Iniciativa Ar Limpo por meio do compromisso com ações específicas, como:
- Implementar políticas de qualidade do ar e mudança climática que permitam alcançar os valores do Guia de Qualidade do Ar Ambiente da OMS;
- Implementar políticas de mobilidade elétrica e sustentável, bem como ações com o intuito de gerar impactos decisivos nas emissões do transporte rodoviário;
- Calcular o número de vidas que são salvas, os ganhos de saúde para as crianças e para outros grupos vulneráveis e os custos evitados para os sistemas de saúde devido à implementação dessas políticas;
- Monitorar progressos, compartilhar experiências e as melhores práticas por meio de uma rede internacional apoiada pela Plataforma de Ação Breathelife.
O anúncio da Iniciativa Ar Limpo foi feito na terça-feira, em Nova Déli, na Índia, pelo enviado especial do secretário-geral da ONU para a Cúpula de Ação Climática, o embaixador mexicano Luis Alfonso de Alba. A divulgação do projeto aconteceu após dois dias de reuniões com representantes de governos, empresas e sociedade civil.
“A crise climática e a crise da poluição do ar são causadas pelos mesmos fatores e devem ser combatidas por ações conjuntas. Os governos, em todos os níveis, têm tanto uma necessidade urgente quanto uma oportunidade urgente, não apenas de enfrentar a crise climática, mas também de melhorar a saúde e salvar as vidas de milhões de pessoas em todo o mundo, ao mesmo tempo em que fazem progresso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável“, afirmou Alba.
“Chamamos governos em todos os níveis a apresentar-se à altura desse desafio e a trazer compromissos poderosos e planos concretos para a Cúpula de Ação Climática.”
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, lembrou que “nove em cada dez pessoas globalmente respiram um ar que não é adequado ao consumo humano”.
“Precisamos concordar, sem equívocos, com a necessidade de um mundo livre da poluição do ar. Precisamos que todos os países e cidades se comprometam a cumprir os padrões da OMS de qualidade do ar”, enfatizou o dirigente.
“A Cúpula Climática do secretário-geral este ano será uma oportunidade importante para assegurar compromissos sólidos e investimentos em intervenções comprovadas para (promover) sistemas de saúde resilientes ao clima e (realizar ações também) no monitoramento e implementação de políticas sobre a qualidade do ar.”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, convocou a Cúpula de Ação Climática para 23 de setembro, em Nova Iorque, e chamou líderes de governos, empresas e sociedade civil a trazer ações ousadas e uma ambição muito maior para os debates.
A Iniciativa Ar Limpo foi desenvolvida como parte da Área de Impulsionadores Sociais e Políticos de Ação, da Cúpula de Ação Climática. Essa área é liderada pela ONU, pelos governos do Peru e Espanha, pelo Departamento das Nações Unidas de Assuntos Econômicos e Sociais e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O chamado para melhorar a qualidade do ar é parte de um movimento mais amplo para canalizar mecanismos sociais e políticos, a fim de melhorar a saúde das pessoas, reduzir desigualdades, promover a justiça social e maximizar as oportunidades de trabalho decente para todos, ao mesmo tempo em que se protege o clima para as gerações futuras.
Na Cúpula de Ação Climática, a coalizão para os Impulsionadores Sociais e Políticos vai se comprometer com um futuro mais saudável e mais seguro para todos e chamar governos e instituições a se comprometer com ações pela saúde.
Fonte: ONU