Os países do G7 concordaram nesta segunda-feira (26/08) em liberar 20 milhões de dólares (cerca de 83 milhões de reais) para ajudar a conter as queimadas na Amazônia, sendo a maior parte do dinheiro para o envio de aeronaves de combate a incêndios florestais.
Os líderes da França, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Itália, Japão e Estados Unidos também acordaram uma estratégia para o reflorestamento em médio prazo que será lançada pela ONU em setembro. Entretanto, o Brasil e os demais países da região precisarão concordar em receber a ajuda.
“Temos de responder ao chamado da floresta, que está em chamas hoje”, afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron, ao anunciar o envio de auxílio. A medida foi acordada durante a cúpula dos países do G7, que terminou nesta segunda-feira em Biarritz, na costa sudoeste da França, e que teve o fogo na Amazônia como um dos temas principais.
O Brasil possui em seu território 60% da Floresta Amazônica, que também ocupa partes da Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
Após o anúncio de Macron, o presidente Jair Bolsonaro questionou as intenções por trás da ajuda internacional. “Macron promete ajuda de países ricos à Amazônia. Será que alguém ajuda alguém – a não ser uma pessoa pobre, né – sem retorno? Quem é que está de olho na Amazônia? O que eles querem lá?”, afirmou ele a jornalistas ao deixar o Palácio da Alvorada.
Mais tarde no Twitter, Bolsonaro escreveu que não se pode aceitar que o presidente francês “dispare ataques descabidos e gratuitos à Amazônia”, “nem que disfarce suas intenções atrás da ideia de uma ‘aliança’ dos países do G7 para ‘salvar’ a Amazônia, como se fôssemos uma colônia ou uma terra de ninguém”.
Macron colocou a crise amazônica em pauta na reunião do G7 em meio a uma troca de farpas com o presidente brasileiro, que depois acusou o francês de agir com “mentalidade colonialista” e de “instrumentalizar uma questão interna do Brasil”.
Macron afirmou que Bolsonaro mentiu ao assumir compromissos em defesa do meio ambiente durante a cúpula do G20 no Japão e, diante disso, ameaçou não ratificar o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
No domingo, os chefes de Estado e governo do G7 já haviam anunciado que acordaram quanto ao envio de ajuda aos países afetados pelos incêndios na Região Amazônica “o mais rápido possível”.
Além da ajuda do G7, o Reino Unido também prometeu nesta segunda-feira liberar imediatamente 10 milhões de libras (50 milhões de reais) para auxiliar nas áreas atingidas pelo fogo, segundo declaração do governo britânico divulgada após o encontro em Biarritz.
“Numa semana onde todos nós observamos, horrorizados, a Amazônia queimar perante nossos olhos, não podemos fugir à realidade dos danos que infligimos à natureza”, disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em nota.
O premiê disse considerar essencial que a comunidade internacional lide com os temas ambientais associados ao aquecimento global e à perda de biodiversidade. “Não podemos impedir as mudanças climáticas sem protegermos os ambientes naturais, e não podemos restaurar a natureza global sem lidar com as mudanças climáticas”, observou.
Ele confirmou a participação do país na Conferência do Clima da ONU de 2020 (COP 26), que muitos especialistas afirmam se tratar de um momento crítico para testar os comprometimentos dos governos com a redução do aquecimento global. O evento, segundo Johnson, “terá como foco principal as soluções para as mudanças climáticas que podem se encontradas na natureza, como o reflorestamento”.
Neste domingo, Bolsonaro comemorou a oferta de ajuda por parte do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, que também prometeu enviar uma aeronave especializada no combate a incêndios
Fonte: Deutsche Welle