A Cúpula de Ação Climática das Nações Unidas foi concluída em meio a elogios moderados por seus sucessos e a condenações duras por suas falhas.
Pelo lado bom, mais de 60 nações anunciaram que estão desenvolvendo planos ou já trabalhando para reduzir a emissão de gases do efeito estufa a praticamente zero.
Um número similar disse que reforçaria suas metas para combater o aquecimento global até o próximo ano.
Por outro lado, a ativista Greta Thunberg condenou líderes pelo que chamou de uma “ambição inadequada”, que coloca em risco o futuro dos jovens.
As promessas da Alemanha, por exemplo, foram descritas por críticos como incompatíveis com metas para redução de carbono já firmadas pelo próprio país.
Então, é possível descrever a cúpula das Nações Unidas como um copo meio cheio, ou bem mais vazio.
Avanços e retrocessos
Dito isso, houve sinais claros de que mais pessoas ao redor do mundo estão tomando consciência da ameaça imposta por um superaquecimento do clima.
Índia, China e a União Europeia disseram que vão anunciar planos mais rígidos para cortar emissões de carbono em 2020.
Administradores de portos, bancos e companhias de navegação se comprometeram a um plano “ambicioso” para navegações com zero carbono até 2030.
A Finlândia pretende se tornar a primeira nação industrializada a absorver mais carbono do que emite.
O Paquistão, que plantou um bilhão de árvores nos últimos cinco anos, prometeu mais 10 bilhões para os próximos cinco.
Já a Grécia afirmou que banirá o plástico de uso único até 2021 e eliminará gradualmente seu uso de carvão até 2028.
Críticos aplaudiram os esforços, mas afirmaram que os compromissos firmados por parte dos países sequer chega perto do que é necessário para estabilizar o clima.
Os Estados Unidos, por exemplo, foram representados pelo presidente Donald Trump.
Ele apareceu no meio da sessão, sentou-se brevemente na plateia, olhou para o relógio e seguiu calmamente para um encontro sobre liberdade religiosa que acontecia naquele mesmo horário. Tudo isso sob o olhar furioso de Greta Thunberg.
Ela e seus colegas anunciaram que iriam processar cinco nações, alegando que, ao pôr em risco o clima, estariam violando direitos das crianças.
Como líderes reagiram ao discurso de Greta?
Trump pareceu zombar da jovem de 16 anos, ao tuitar o vídeo do discurso em que Greta alerta para o impacto das mudanças climáticas. Ele comentou: “Ela parece uma jovem feliz, ansiosa por um futuro brilhante e maravilhoso. Tão bonito de se ver!”.
Já o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu ponderação quanto às críticas de Thunberg e sua abordagem “bastante radical”, insinuando que a raiva estaria mal direcionada.
A França, assim como a Alemanha e o Brasil, está entre os cinco países incluídos na denúncia da ativista às Nações Unidas, feita na segunda-feira.
“Tudo que nossos jovens estão fazendo por essa causa é útil, assim como o que os não tão jovens fazem”, disse Macron ao Europe 1.
“Mas agora eles devem focar naqueles que têm mais a fazer, aqueles que tentam impedir a mudança. Eu não acho que o governo francês ou o governo alemão estejam fazendo isso hoje.”
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, postou uma foto conversando com a ativista.
Entretanto, Merkel recebeu críticas de que a Alemanha não estaria diminuindo seu uso de carvão rápido o suficiente.
“Essa cúpula deveria ter sido um divisor de águas. Mas nós observamos uma falta de comprometimento tremenda vinda dos países mais ricos que mais poluem, que continuam a tomar medidas superficiais para resolver uma questão de vida ou morte”, afirmou Harjeet Singh, da ONG ActionAid.
Hampton, da Children’s Investment Fund Foundation, questionou: “Se não podemos impulsionar consideravelmente as soluções que já temos disponíveis… Então, o que estamos fazendo na prática?”
Jennifer Morgan, que comanda o Greenpeace International, disse que “em grande parte, líderes globais não fizeram o que se esperava deles hoje em Nova York”.
Os olhos se voltam agora para Mônaco, onde o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertará sobre como o aquecimento global está causando uma situação de emergência em relação ao aumento do nível dos oceanos.
Fonte: BBC