A geleira Planpincieux, no vale de Aosta, o lado italiano do Mont Blanc, está derretendo a uma velocidade acelerada e corre risco de desmoronar perto da famosa cidade alpina de Courmayeur, atualmente quase desabitada, informaram autoridades da Itália nesta quarta-feira (25).
“Com o calor anômalo do verão registrado em agosto e na primeira quinzena de setembro, a geleira derreteu em média 35 cm por dia, com picos de 50 a 60 cm em alguns dias”, disse à AFP Moreno Vignolini, da assessoria de imprensa da prefeitura de Courmayeur.
Segundo ele, uma porção que representa “um quinto ou um sexto” da geleira, o que corresponde a cerca de 250 mil metros cúbicos de gelo, ou seja, 100 piscinas olímpicas, pode derramar em todo vale.
O prefeito de Courmayeur, Stefano Miserocchi, ordenou o fechamento total durante a noite da estrada de acesso a Val Ferret.
A decisão foi tomada depois que especialistas da Fundação Montagna Sicura, encarregada de monitorar a geleira desde 2013, alertaram a prefeitura sobre a situação.
Ameaça a chalés alpinos
O secretário da fundação, Jean-Pierre Fosson, explicou ao jornal italiano Il Messaggero que “essa geleira é atípica, porque é considerada ‘temperada’, ou seja, é afetada pela temperatura da água que flui abaixo, o que a expõe particularmente ao aquecimento global”.
O especialista ressaltou que, “desde o ano passado”, foram registradas perdas anormais de volume, incluindo “um destacamento em bloco a uma velocidade de movimento de 60 cm”, o que os levou a notificar as autoridades locais.
Segundo Fosson, a geleira “pode se soltar em bloco, desmoronar ou não cair”, reconheceu.
O porta-voz da prefeitura criticou “o cenário apocalíptico” descrito por alguns meios de comunicação que alertaram sobre a possibilidade de uma geleira do Mont Blanc destruir a famosa estação de esqui de Courmayeur.
“É verdade que é uma zona turística”, mas neste momento a ameaça é sobre uma zona em que “existem uns poucos chalés desocupados”, disse ele.
O acesso ao vale foi autorizado pelo prefeito por três faixas horárias de uma hora e meia (manhã, meio-dia e tarde). Uma estrada alternativa será aberta a partir de sexta-feira.
De acordo com Fosson, cuja fundação monitora 180 geleiras no vale de Aosta, esses fenômenos são inevitáveis.
“Todos os anos vemos dois quilômetros quadrados de gelo desaparecerem, um fenômeno que está piorando devido aos verões e outonos cada vez mais quentes”, explicou ele.
Fonte: AFP